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Rio de Janeiro

Parentes de vítimas da violência homenageiam menino João Hélio

Uma nova homenagem ao menino João Hélio Fernandes Vieites, de seis anos, brutalmente assassinado na semana passada, ao ser arrastado por bandidos que roubaram o carro da mãe dele, reuniu parentes de vítimas da violência nesta quarta-feira. Uma missa foi realizada pela manhã na Igreja da Candelária, no Centro. Depois, manifestantes saíram em passeata pela Avenida Rio Branco, da Candelária até o Palácio Tiradentes, sede da Assembléia Legislativa (Alerj). No local um grupo foi recebido pelos deputados da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania e cobrou medidas contra a violência. À frente da passeata estiveram os músicos Tico Santa Cruz e Renato Rocha, dos Detonautas, banda cujo guitarrista, Rodrigo Netto, foi assassinado num assalto no ano passado . A morte de João Hélio chocou o país e reacendeu a discussão sobre a necessidade de um combate mais eficaz à criminalidade. A Câmara dos Deputados vota nesta quarta um pacote de segurança e o Senado reabre a discussão sobre a antecipação da maioridade penal.

Os pais do menino e o governador Sérgio Cabral participaram da missa. O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, disse, ao sair da cerimônia na Candelária, que "só Deus e muita oração vão diminuir a dor dessa família e nos ajudar a minimizar isso tudo".

- Como pessoa, fico barbarizado com tudo isso - afirmou.

Entre as vítimas de violência que participaram da missa estão as Mães de Acari e as Mães de Vigário Geral, além de Luciana Novaes, que ficou tetraplégica após ser baleada dentro da Universidade Estácio de Sá, em 2003, e dos pais de Gabriela Prado, morta no mesmo ano num assalto no metrô na Tijuca. Todos pediram justiça e cobraram alterações no código penal .

Na chegada à igreja, o pai de João, Hélio Vieites, enfatizou que a violência só vai diminuir se houver pressão da sociedade. A irmã de João, Aline, de 14 anos, voltou a pedir redução da maioridade penal. Em frente à igreja foi colocada uma colcha de retalhos com 99 nomes de vítimas da violência no Rio. Cartazes foram estendidos com pedidos de justiça. A missa foi marcada pela estudante universitária Patrícia Bruno, que criou a comunidade no Orkut "Justiça João Hélio". No fim da cerimônia, foi feito um minuto de silêncio, seguido de palmas.

- Esse crime foi o limite da brutalidade, da crueldade. A gente precisa dar um basta nisso. Criei a comunidade, que foi bem divulgada, e as pessoas estão se solidarizando. Além do pedido de justiça, essa missa é para trazer paz e conforto à família neste momento - afirmou, em entrevista à rádio CBN.

Patrícia contou que recebeu apoio da Ong Gabriela Sou da Paz e da escritora de novelas Glória Perez, que também teve a filha assassinada.

- A Glória se solidarizou e falou que a gente podia contar com o apoio dela. Todos estão se mobilizando e queria agradecer aos que entraram em contato, aos membros da comunidade que não puderam vir, e à própria família que mandou uma mensagem dizendo que estavam rezando e orando por ele neste momento - disse.

Na terça, outra missa

O adeus a João Hélio reuniu na terça-feira os pais, parentes e amigos do menino, além de outros cidadãos indignados com o crime, na Igreja Divino Salvador, na Piedade. A missa de sétimo dia foi cheia de emoção e atraiu cerca de 600 pessoas. O padre Avelino Contini começou a pregação comparando o martírio de João ao de Cristo:

- O filho de vocês está cumprindo uma missão. A mãe de Cristo também viu o sangue de seu filho escorrer aos pés da cruz. Que essa tragédia sirva para o bem da humanidade. Que o sangue dos mártires vire flores e frutos. Que a nossa cidade volte a ser maravilhosa - disse.

Alunos do colégio Santo Agostinho, no Leblon, farão uma passeata na quinta-feira de solidariedade à família de João Hélio e de repúdio à violência no Rio e no país. A passeata, uma iniciativa dos integrantes do grêmio do colégio, foi apoiada pela direção do colégio e está programada para iniciar às 12h, partindo da porta da escola, na Rua Cupertino Durão, e seguindo pela Ataulfo de Paiva até a praça Antero de Quental, onde estudantes e professores farão uma oração pela paz. Ao todo, serão convocados cerca de 1.500 alunos do ensino fundamental e médio.

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