
Causou rebuliço nas redes sociais a notícia de que o Partido Nacional Corinthiano (PNC) deu entrada em processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para se tornar um partido formal. Apesar da polêmica, a chance de vermos um partido formal disputando eleições é baixa. Na prática, a nova legenda apenas ingressou em uma lista de 56 proto-partidos que buscam reconhecimento formal – e dessa extensa relação, pouquíssimos vão virar partidos formais nos próximos anos.
Entre a ideia de formar um partido e um grupo organizado com direito a tempo de TV e acesso ao fundo partidário, o caminho é longo. O registro da existência do partido é apenas o primeiro passo, que pode ser conseguido com apenas cem assinaturas. Após registro do partido no TSE e de seus diretórios estaduais nos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), é necessário coletar pelo menos mais 484.169 assinaturas, em pelo menos nove unidades da federação diferentes. A maioria dos proto-partidos para por aí.
A logística de coleta de assinaturas é algo que a maior parte deles não possui – mesmo entre grupos mais organizados e estabelecidos, com ambições sérias de participar da política. Um exemplo é a Rede Sustentabilidade. Apesar de ser um movimento encabeçado por Marina Silva, que chegou a conseguir 22 milhões de votos para presidente, o partido ainda não saiu do papel pela dificuldade em conseguir essas assinaturas – ela até conseguiu atingir o mínimo em 2013, mas parte das rubricas foram consideradas inválidas pelo TSE.
Quem tem mais chances de se dar bem nesse jogo são proto-partidos usados por políticos já estabelecidos com finalidades bem específicas – atrair insatisfeitos para a oposição ou para o governo, por exemplo. O PSD, fundado por Gilberto Kassab em 2011, foi o maior “case de sucesso”. Sua função era clara, abrir uma brecha para que deputados e vereadores insatisfeitos com seu partido pudessem mudar de lado, sem medo da regra da fidelidade eleitoral. Deu certo: o partido já nasceu com a quarta maior bancada da Câmara Federal.
Uma regra de ouro para esses partidos é ter um nome e uma plataforma genéricos, que não sejam nem de centro, nem de esquerda, nem de direita – muito pelo contrário. É o caso do Partido Republicano da Ordem Social (Pros), por exemplo, que nasceu em 2013 com mais de 20 deputados. Nesse caso, ser um partido corinthiano é problema: uma bandeira tão específica e que desperta tanto ódio quanto paixão está longe da neutralidade.
Indicador
Um indicador possível para saber quão perto um partido está de virar realidade é a quantidade de registros em TREs. Apesar de líder do Brasileirão, o Corinthians nesse quesito está na zona de rebaixamento, com apenas três: Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte. Para fins de comparação, a Rede, de Marina, está em 14 estados, e o PL, nova empreitada de Kassab, tem diretório em 10.
Opinião
Por qualquer ponto de vista, o sonho – ou pesadelo – de uma democracia corinthiana está muito longe de virar realidade. Quem estava se animando com a ideia, pode se contentar com uma eventual candidatura de algum ídolo qualquer – nos últimos anos, Dinei, Marcelinho Carioca, Bobô e o dirigente Andrés Sanchez tentaram a sorte.



