
O pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as supostas irregularidades cometidas pelo presidente da Câmara Municipal de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB), foi protocolado oficialmente ontem à Mesa Executiva da Casa. A adesão foi quase total: dos 38 vereadores, apenas o próprio Derosso e João do Suco (PSDB), que está em viagem oficial ao exterior, não assinaram o pedido. Entretanto, a disputa política em torno da CPI está apenas começando.
Aprovada a criação da CPI, é necessário formalizar as indicações partidárias para a composição da comissão. São nove vagas disponíveis a serem divididas. A divisão entre os partidos será feita de acordo com sua representação na Câmara. O problema é que, ao todo, 13 partidos têm vereadores na Casa e ninguém quer ficar sem representação.
Sete cadeiras já têm "dono" garantido. O PSDB, que conta com 14 vereadores, terá direito a indicar três representantes. Segundo o líder do partido na Casa, o vereador Emerson Prado, os indicados serão ele próprio, Jair Cézar e Paulo Frote. Segundo o vereador, mesmo sendo o partido com maior representação na CPI, o PSDB deve abdicar dos cargos de presidente e relator. "Nós sabemos que há uma cobrança e um pensamento de que o partido está beneficiando Derosso. Não é o caso, temos um compromisso com a transparência", afirma.
Já DEM, PDT, PSB e PT, que contam com três vereadores cada, terão direito a uma cadeira cada um. Dois deles já indicaram seus representantes: serão Denílson Pires, pelo DEM; e Tito Zeglin, pelo PDT. Já o PT ainda discute se o representante será Professora Josete ou Pedro Paulo. O PSB ainda não definiu uma indicação. Segundo o presidente em exercício da Casa, o vereador Sabino Picolo (DEM), não há um prazo definido para as indicações, e nem para o início da atuação da própria CPI.
O grande problema está entre os partidos menores, que devem dividir duas cadeiras. PPS, PP, PV e PMDB têm dois vereadores cada, enquanto PRP, PRB, PSC e PSL têm um cada. Segundo uma proposta discutida entre alguns vereadores, e anunciada pelo vereador Algaci Túlio (PMDB), os quatro primeiros dividiriam uma cadeira e os quatro últimos, a outra.
Entretanto, isso causaria um descompasso: um grupo de oito vereadores, a maioria deles na linha de frente dos pedidos de investigação a Derosso, teriam que dividir uma só cadeira. "Se prevalecer essa distribuição, a situação terá sete integrantes e a oposição, apenas dois. Isso nos traz uma intranquilidade com as condições de fiscalização da CPI", afirma Túlio. Segundo Picolo, um novo entendimento deve ser encontrado entre os partidos menores.
Entenda o caso
Puxada pelos vereadores do PT, PMDB e PV, a CPI foi assinada por todos os partidos da Câmara com o intuito de investigar diversas suspeitas de irregularidade envolvendo a presidência. Entre as denúncias estão a contratação irregular da empresa da mulher de Derosso, Cláudia Queiroz Guedes, para serviços de publicidade, a nomeação de uma cunhada dele para um cargo comissionado e a admissão ilegal de funcionários da Assembleia para o quadro de comissionados da Câmara.



