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Planalto

Paulistas vão dominar o ministério de Dilma Rousseff

Estado ficou com pastas importantes como Saúde, Educação e Fazenda. Paraná emplacou Paulo Bernardo e Gilberto Carvalho na equipe da petista

Veja no infográfico a representatividade dos estados no ministério de Dilma |
Veja no infográfico a representatividade dos estados no ministério de Dilma (Foto: )

Dono do maior eleitorado do país, São Paulo ficou também com a maior parte dos 37 ministérios do futuro governo Dilma Rousseff. Ao todo, oito ministros da próxima administração são paulistas. Nas mãos deles ficarão algumas das pastas mais importantes do governo, como Saúde, Educação e Fazenda. Minas Gerais, segundo maior eleitorado do país, ficou apenas com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que será ocupado por Fernando Pimentel.

O cientista político Fabrício Tomio, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), observa que a questão partidária e as influências políticas dentro dos partidos pesam muito mais no momento da distribuição dos ministérios, que a distribuição geográfica. "Seria até mais fácil fazer a simples distribuição dos cargos por estados, mas a questão partidária pesa muito mais", comenta. Isso ajuda a explicar a situação do Maranhão. O futuro governo Dilma terá dois ministros do estado: Pedro Novais (Turismo) e Edison Lobão (Minas e Energia). A nomeação de ambos se deve a indicação do senador José Sarney, um dos caciques do PMDB.

O Paraná, que possui 3,2 milhões de eleitores a mais que o Maranhão, também ficou com dois ministérios. A pasta de Comunicações será ocupada por Paulo Bernardo, que deixará o Ministério do Planejamento, e a Secretaria-Geral da Presidência terá à frente o atual chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho – que embora tenha nascido no Paraná, construiu carreira política em São Paulo, caminho contrário do paulista Paulo Bernardo. Os dois ministros paranaenses são considerados homens de confiança de Lula e a nomeação deles fez parte da cota pessoal de Dilma.

O Ministério da Agricultura, que durante a maior parte do segundo mandato do governo Lula foi ocupado pelo paranaense Reinhold Stephanes, passou para as mãos dos paulistas. Wagner Rossi, que substituiu Stephanes no fim de março depois que o peemedebista deixou o cargo para concorrer à Câmara dos Deputados, foi mantido na pasta. A decisão de Dilma surpreendeu muitos políticos paranaenses. Isso porque havia uma expectativa de que o senador Osmar Dias (PDT) seria convidado para o ministério (leia ao lado).

A indicação de Osmar para a pasta seria uma espécie de compensação ao pedetista, que atendeu às pressões do Planalto e deixou de concorrer a uma reeleição praticamente certa ao Senado para disputar o governo do estado contra o tucano Beto Richa. Outro paranaense que era cotado para compor o ministério de Dilma, mas acabou ficando de fora, é o governador Orlando Pessuti (PMDB).

O peemedebista ocuparia o Ministério da Copa, que nem chegou a ser criado pela presidenciável. A cadeira também faria parte dos acordos para a eleição estadual. A nomeação de Pessuti também seria uma espécie de prêmio de consolação para o governador, que deixou de concorrer à eleição estadual para viabilizar a candidatura de Osmar.

Caso fossem confirmados os boatos do período eleitoral, o Paraná teria hoje quatro ministérios. No entanto, o estado continua com apenas dois. Um dos motivos para isso seria a baixa influência da bancada paranaense em Brasília. Como observa a socióloga e professora de Ciências Políticas Maria Lúcia Victor Barbosa, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), "as escolhas [para os ministérios] são muito menos técnicas e muito mais políticas". Assim, a pouca representação da bancada paranaense em Brasília ajuda a manter um cenário em que o Paraná não consegue avançar e conquistar mais espaço dentro do primeiro escalão do Palácio do Planalto.

O presidente do Movimento Pró-Paraná, Jonel Chede, lembra que a fraca mobilização dos parlamentares paranaenses nos últimos anos tem dificultado a realização de alguns pleitos paranaenses: como a revisão da distribuição dos royalties de Itaipu e a duplicação de rodovias. "Essas obras são dependentes de decisões que partem de Brasília. E não basta só o empenho dos ministros. É preciso que a representação na Câmara e no Senado seja coesa", diz.

Embora a importância dos políticos de cada estado tenha influência na determinação dos ministros, isso não significa que com mais ministério o estado terá maior ou menor representatividade política dentro do Planalto. De acordo com Tomio, é preciso observar outras questões, como as indicações para estatais, por exemplo. "Fazer uma leitura simples e tão imediata é complicado", afirma.

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Por que a influência política pesa mais do que o peso econômico dos estados na formação ministerial?

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