
O PMDB do Paraná pretende lançar oficialmente hoje o nome do governador Roberto Requião como pré-candidato à Presidência da República. A decisão será tomada durante encontro de lideranças do partido que estão descontentes com o pré-acordo eleitoral firmado entre a cúpula nacional do PMDB e o PT. No encontro marcado para as 10 horas, no Hotel Pestana, em Curitiba, estão sendo esperados o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia e os senadores Pedro Simon (RS), Renan Calheiros (AL) e Neuto Couto (SC).
Requião vem criticando há um mês a cúpula da legenda por ter fechado, sem consultar o partido, um acordo pré-eleitoral com o presidente Lula para apoio à pré-candidatura da ministra da casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão presidencial de 2010.
A direção nacional do PMDB negocia a indicação do presidente da Câmara Federal, Michel Temer (SP), para a Vice-Presidência na chapa da petista. Isso provocou reações contrárias de peemedebistas que não querem a formalização da aliança.
O encontro nacional que será realizado hoje foi a forma encontrada pelo PMDB do Paraná de tentar protestar contra a direção do partido. O lançamento de Requião como candidato a presidente faz parte da estratégia de organizar uma ala de resistência interna ao grupo de Michel Temer.
O PMDB nacional está dividido. Um grupo, liderado por Temer, é favorável à aliança com Dilma. Outra ala, que tem à frente Orestes Quércia e o senador Jarbas Vasconcelos (PE), defende a aliança com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e o rompimento com o presidente Lula. Ainda existe um terceiro grupo da legenda que defende a candidatura própria.
Para o presidente estadual do PMDB, Waldyr Pugliesi, o partido vai tentar mobilizar todas as correntes para defender a elaboração de um programa de governo, um projeto para o país. "Isso é muito mais importante do que indicar um candidato a vice-presidente na chapa de alguém", diz, admitindo as dificuldades do grupo ter poder de decisão.
Perto do PSDB
O encontro nacional ocorre dois dias depois que o PMDB paranaense fez questão de sinalizar publicamente que estão adiantadas as negociações para fechar uma aliança com o PSDB para apoiar a candidatura do prefeito de Curitiba, Beto Richa, ao governo do estado.
Na quinta-feira, o líder do governo na Assembleia Legislativa, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), participou de solenidades em Curitiba, ao lado do presidenciável tucano José Serra. No mesmo dia, Serra foi até o Palácio das Araucárias e teve uma conversa reservada de aproximadamente 45 minutos com o governador Requião.
Serra teve de esperar meia-hora até a chegada de Requião, que estava em Cascavel, Oeste do estado. A reunião foi a portas fechadas, mas aliados muito próximos do governador disseram que o tucano declarou ter interesse na proximidade dos dois partidos porque precisa vencer a eleição no Paraná com uma diferença grande de votos da principal concorrente, a ministra Dilma Rouseff.
O governador paulista teria dito também que até mesmo a neutralidade de Requião na disputa presidencial seria importante para o PSDB e que ambos poderiam vir a participar juntos de um projeto nacional no futuro.
A aproximação com os tucanos contribui para enfraquecer a pré-candidatura do vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) ao governo. Embora o presidente estadual da legenda, Waldyr Pugliesi, garanta que o partido está trabalhando para ter candidato própria no Paraná, deputados e prefeitos peemedebistas não escondem a disposição de subir no palanque do PSDB.
A motivação seria eleitoral. A estimativa de deputados que vão disputar a reeleição e pré-candidatos à Assembleia e à Câmara Federal é que teriam mais chances de eleição numa chapa encabeçada por Beto Richa do que por Orlando Pessuti. Pugliesi discorda e prevê que mesmo com candidatura própria é possível eleger uma bancada robusta.
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