Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Opinião

Pelo sim

Sem intenção ou pretensão de influenciar alguém, vou declarar meu voto pelo sim nessa reta final do referendo. Nada do que disser vai alterar o resultado que, segundo as pesquisas, já está praticamente decidido a favor do não, ainda que, calcula-se, por uma diferença pequena, demonstrando como o desarmamento dividiu o país, as famílias, os amigos.

Tenho um quase irmão com quem há quase 40 anos compartilho as mesmas opiniões políticas e agora, pela primeira vez, vamos discordar. O exemplo mais curioso é o do "dois filhos de Francisco": Zezé di Camargo vota não e Luciano optou pelo sim. Ou é o contrário? O fato é que ninguém ficou indiferente, nem mesmo os que vão anular o voto, não por desinteresse, mas pela impossibilidade de se definir.

Parto do princípio de que, com exceção dos que estão nisso por interesse material, como a bancada parlamentar da bala e os que servem ao lobby da indústria armamentista, as pessoas defendem sua adesão ao não porque acreditam que assim vão contribuir para a pacificação do país. Portanto, embora não concordando, respeito suas opiniões.

Tenho entre as razões para o meu voto o horror às armas. Considero a indústria bélica a mãe de todas as guerras. Não que eu queira satanizar as fábricas de armamento como encarnação do mal, mas é que elas têm que ser assim: precisam vender, ter lucro. E para isso é necessário que haja conflitos, guerras e, em conseqüência, mortes. Não por maldade, mas pela lógica do próprio negócio.

Não tenho ilusão de que apenas proibir a comercialização de armas vá acabar com a criminalidade – e nem aumentá-la como fazem crer os adeptos do não. Sabe-se, porém, pelo bom senso e pelas pesquisas, que menos armas, menos mortes. Claro que é indispensável desarmar os bandidos e, com qualquer resultado, devemos ter pela causa o mesmo empenho que estamos tendo agora. Mas acreditar que, enquanto isso, a solução é armar a população me parece tão perigoso quanto achar que, com um 38 na mão, posso me defender de um bandido armado com AR-15.

Artigo publicado originalmente no site www.referendosim.com.br.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.