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Acidente

Perda de memória é comum em acidentes violentos, alegam especialistas

Especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo afirmam que é frequente a perda de memória em pessoas que passaram por eventos traumáticos, como no caso de acidentes automobilísticos. No entanto, segundo eles, é impossível garantir se, com o passar do tempo, a vítima irá se recordar ou ter alguma lembrança do que aconteceu. Também não há como atestar se a pessoa que alega ter perdido a memória está ou não dizendo a verdade.

Conforme explica o psiquiatra Luiz Fernando Carazzai, especialista em álcool e drogas do Hospital de Clínicas, o esquecimento alegado pelo ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho envolve uma conjunção de fatores, a começar pela grande quantidade de álcool ingerida pouco antes do acidente. Segundo ele, alterações como essa são comuns em casos de abuso de álcool. "O excesso de bebida faz com que a pessoa não se lembre de algumas coisas no dia seguinte", afirma. "Ela leva o carro até em casa, mas depois não se lembra como chegou." No momento do acidente, Carli tinha 7,8 decigramas de álcool no sangue, taxa que caracteriza elevado grau de embriaguez.

Soma-se a isso o trauma físico provocado pelo impacto da batida. De acordo com a neurologista Viviane Zétola, acidentes dessas proporções causam o que a medicina chama de amnésia traumática. A desaceleração no momento da colisão faz com que o cérebro seja jogado violentamente para frente e para trás e se choque com a parte óssea da cabeça. Nessas circunstâncias, a vítima pode sofrer alterações na coordenação motora, na fala e até no nível de consciência. "A violência e a velocidade do golpe podem ter contribuído para essa amnésia", diz. Segundo o Ministé-rio Público, Carli dirigia a pelo menos 150 km/h.

Por fim, há o efeito psicoemocional, no qual o cérebro, por meio de uma espécie de mecanismo de defesa, bloqueia as lembranças relacionadas ao trauma.

"O emocional pesa muito nesses casos. Relembrar o evento gera culpa e angústia e, por isso, o cérebro cria uma autoproteção", afirma Carazzai. "É possível que ele (Carli) se recorde do acidente, mas só o tempo dirá se isso vai acontecer."

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