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O paulistano é uma pessoa feliz, apesar da violência, do desemprego, do trânsito congestionado e de uma infinidade de complicações da vida moderna. Segundo pesquisa do Ibope realizada nos três primeiros dias de abril, 66% dos paulistanos disseram que estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a vida. Os insatisfeitos representaram 28% e os muito insatisfeitos, apenas 4%. Não opinaram 1%. A pergunta foi feita junto com a pesquisa que mediu a preferência do eleitorado, divulgada nesta quinta-feira.

Em uma enquete informal do Globo Online na movimentada Avenida Paulista, nove entre 10 pessoas se disseram felizes. Mesmo o mais pessimista e assumidamente triste disse que quer alcançar um dia a felicidade.

Com uma agenda cheia nesta sexta-feira, Cláudia Brod, de 45 anos, não teve tempo de parar para dar a sua opinião com tranqüilidade, mas fez questão de dizer que é "maravilhosamente feliz". Segundo ela, a receita para tanta felicidade é ter uma família e estar em perfeita condição de saúde. Cláudia, que tem dois filhos, disse que muita gente se sente insatisfeita e infeliz porque não consegue olhar ao lado e se alegrar com as pequenas coisas da vida. Lúcia Junqueira, de 54 anos, concorda:

- Sou super feliz. Sou bem casada, tenho três filhos excelentes, minha empresa vai muito bem e meus últimos exames médicos indicaram uma boa saúde. Não é que não tenho problemas. Meu marido quase morreu no início do ano em nossa fazenda. Mas sou feliz, puxa como sou feliz. E não é preciso grandes coisas para conquistar a felicidade - afirmou Lúcia.

A psicóloga Sílvia Helena Cardoso, diretora do Instituto Edumed e ex-professora da Unicamp, explicou que a felicidade tem características genéticas e ambientais. Segundo ela, é preciso integrar três funções básicas do cérebro para se conseguir a felicidade. A primeira delas é a fisiológica. Ou seja, os sentidos. A outra, a emocional, com a satisfação pela vida social e até brincadeiras. A última é a racional. Sílvia disse que o equilíbrio dessas três funções traz a felicidade.

- Eu não acredito na felicidade completa, mas se fizer um balanço da minha vida, posso dizer que sou feliz. Gostaria de estar um pouco melhor na profissão, mas sou feliz. Tenho filhos, um pouquinho de dinheiro e amigos que amo muito - disse o médico Ed Welson, de 34 anos, que divide a vida entre São Paulo e Campos, no Rio de Janeiro, onde trabalha em uma grande distribuidora de combustível.

A namorada dele, a enfermeira Nilma Leila Schultz, também se considera feliz. Para ela, a felicidade está muito relacionada a Deus. Nilma comentou que enxerga nas coisas mais beleza ao lado de Deus. Ela disse que imagina com Deus uma vida mais prolongada na terra e que é muito realizada na profissão e também muito satisfeita com a saúde.

Para a psicóloga Sílvia, a religião ajuda muito as pessoas a terem uma vida melhor. Segundo ela, algumas pessoas, ao chegarem ao fundo do poço ou ao se depararem a uma situação que parece sem muita saída, encontram na fé uma alternativa.

Dos entrevistados, apenas Fernando Donine, de 36 anos, disse enfaticamente que não é feliz. Ele explicou que até hoje não conseguiu o que quer na vida e afirmou que não tem interesse em melhorar neste momento. Mas admitiu que ninguém poderá fazer nada por ele. Para Donine, uma das grandes frustrações foi não ter terminado a faculdade. Ele trabalha atualmente na área administrativa de um hospital.

- A pessoa depressiva precisa ser tratada, mas a normal vai à luta. Ela passa por uma situação muito ruim, mas a felicidade volta em dias ou em semanas. Todo ser humano tem um impulso natural de buscar a felicidade. Muitas vezes, ele não sabe como procurar, mas vai atrás. Não se pode esperar a felicidade bater à porta - disse a psicóloga.

A estudante da oitava série do Colégio Maria Imaculata Anelise Ribeiro, de 14 anos, e os universitários Eliseu Souza Mello e Daiane Domingues, os dois com 20 anos, também se consideram felizes. Para eles, ter a família por perto é uma questão fundamental. As viagens e um tempinho para se divertir também são necessários.

- Eu tenho comigo todas as pessoas que preciso. Como não posso ser feliz? O único medo que tenho é da violência, dos tiroteios, que podem encurtar a vida das pessoas - filosofou Anelise, durante uma visita ao Shopping Paulista, logo depois de uma prova nesta sexta-feira.

O administrador de empresas Marcelo Andrade, de 30 anos, também se disse muito feliz. Ele disse que não tem do que reclamar e está muito feliz com a filha de quase dois anos, o casamento e o emprego. A consultora de empresas de informática Mafalda Dittrich, de 43 anos, mora em São Paulo desde janeiro. Ela disse que ter um filho a deixaria ainda mais feliz, mas ela se considera muito feliz assim mesmo, com saúde, um bom emprego e com a possibilidade de fazer tudo o que gosta.

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