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O Lamborghini prata de Collor, que também teve apreendidos uma Ferrari e um Porsche. | Ueslei Marcelino/Reuters
O Lamborghini prata de Collor, que também teve apreendidos uma Ferrari e um Porsche.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), a Operação Lava Jato finalmente começou a atingir o núcleo político do esquema de corrupção na Petrobras. Nesta terça-feira (14), a Polícia Federal (PF) deflagrou nova fase da operação e fez buscas e apreensões em imóveis de alguns dos principais figurões da política nacional, tais como o senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP – veja no infográfico ao lado quais são as acusações e o que eles dizem sobre as suspeitas.

Collor: da Elba à Ferrari. Ou sobre como o Brasil só anda na marcha à ré

Vinte e três anos após sofrer um processo de impeachment cuja prova principal era a compra irregular de uma Fiat Elba, Fernando Collor subiu na hierarquia automobilística: teve uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini apreendidas pela Operação Lava Jato.

No fundo, todos sabiam que esse era o gosto do ex-presidente. Em parte, graças a ele, a abertura comercial do início dos anos 1990 serviu para aprimorar muitas das “carroças” vendidas no Brasil.

A questão é a repetição de casos e carros. E sobre como isso demonstra que a política brasileira não troca de marcha, não vai para frente. A direção é sempre a ré.

Não é só com Collor. O PT quase se autodestruiu no escândalo do mensalão e agora está no epicentro do Petrolão.

Lula quase foi alvo de impeachment em 2005. Dilma Rousseff está na boca de um processo dez anos depois.

O pior não é a repetição de notícias ruins. É que as notícias ruins são ainda piores. E se sucedem tão rápido quanto as supermáquinas de Collor.

Também foram alvo de buscas e apreensões da PF os ex-ministros Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE, hoje senador) e Mário Negromonte (ex-PP-BA, hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia); o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE); e o ex-deputado federal João Pizzolatti (PP-SC). Outro investigado nesta fase da Lava Jato é Tiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz. Ninguém foi preso nesta fase da Lava Jato.

Veja no gráfico quais são as acusações e as defesas dos envolvidos

Os mandados foram cumpridos no Distrito Federal (12), na Bahia (11), Pernambuco (8), Alagoas (7), Santa Catarina (5), Rio de Janeiro (5) e São Paulo (5).

A BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras, também foi alvo da operação. Os policiais buscavam documentos que possam ligar a companhia a casos de corrupção delatados pelo doleiro Alberto Youssef e outros presos.

Automóveis de luxo

Um os principais destaques desta nova fase da operação, batizada de Politeia, foram as apreensões de oito veículos, sendo cinco de luxo. Três deles são de Collor e foram apreendidos na Casa da Dinda, que ficou famosa quando ele era presidente por ter sido reformada com sobra de caixa de sua campanha presidencial de 1989. Os automóveis – uma Ferrari vermelha, um Porsche preto e uma Lamborghini prata – estão avaliados em mais de R$ 1 milhão. A Polícia Federal também apreendeu R$ 4 milhões, US$ 45,6 mil e 24,5 mil euros.

Supremo

Ao todo, cerca de 250 policiais federais cumpriram 53 mandados de busca e apreensão expedidos pelos ministros do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski, referentes a processos que correm no STF e que envolvem políticos com mandato – e, portanto, com foro privilegiado.

Cerca de 50 políticos são investigados no STF por envolvimento na Lava Jato, entre eles três paranaenses que não foram alvo da operação desta terça-feira: a senadora Gleisi Hoffmann (PT) e os deputados Nelson Meurer (PP) e Dilceu Sperafico (PP).

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Suspeitas

Collor foi citado na delação premiada do doleiro como um dos beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras. Ele também foi citado pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, em seu depoimento à Justiça, assim como Ciro Nogueira. O empreiteiro afirma ter pago R$ 20 milhões a Collor entre 2010 e 2012 em troca da influência do senador em negócios com a BR Distribuidora. Nogueira teria recebido R$ 2 milhões. O senador do PP também foi citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Já Tiago Cedraz, filho do presidente do TCU, foi citado na delação premiada do dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa. Ele é acusado de vender informação privilegiada do TCU. Pessoa disse ter feito pagamentos mensais de R$ 50 mil a Tiago.

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