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| Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress

A Polícia Federal (PF) finalizou na semana passada o inquérito envolvendo as investigações da Operação Triplo X – deflagrada em janeiro deste ano – e identificou a proprietária de um dos apartamentos tríplex do Condomínio Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo. O inquérito investigava unidades do imóvel que teriam sido repassadas pela OAS em troca de vantagens junto aos contratos da Petrobras.

Entre os apartamentos estava o tríplex 163-B, registrado em nome da offshore Murray Holdings LLC, localizada em Nevada, nos Estados Unidos, e representada no Brasil por Eliana Pinheiro de Freitas. De acordo com a PF, Eliane é uma “pessoa simples, cujo padrão de vida evidentemente destoa do alto padrão do apartamento”. De acordo com o documento, ficou comprovado que a real proprietária do imóvel seria Nelci Warken, sócia da Paulista Plus Promoções Ltda.

Esclarecimento

Inicialmente, a Gazeta do Povo publicou uma matéria da Folhapress que continha informações imprecisas sobre o caso, porque não esclarecia qual era o imóvel de propriedade de Nelci Warken e afirmava se tratar do mesmo apartamento de Lula. O texto foi corrigido às 12h30 desta sexta-feira (19).

Em depoimento à PF, Nelci declarou que colocou o imóvel em nome de uma offshore por orientação de um advogado, para não perder o tríplex por causa de dívidas com a prefeitura de São Paulo. Ela também confirmou que os imóveis transferidos à Murray “nunca deixaram de ser seus visto que a Murray também é de sua propriedade”. Segundo o documento, Nelci foi responsável pela fraude à execução que envolveu a adjudicação de 14 imóveis, incluindo o tríplex 163-B.

Também foram indiciados funcionários da Mossack Fonseca no Brasil. No total, foram indiciadas sete pessoas. Além de Nelci, estão na lista Maria Mercedes Quijano (chefe do escritório da Mossack no país), os funcionários do escritório de advocacia panamenho Luís Fernando Hernandez Rivero, Ricardo Honorio Neto, Renata Pereira Britto e Rodrigo Hernandez. O empresário Ademir Auada também aparece.

Tríplex ligado a Lula

O condomínio Solaris possui dois tríplex com o mesmo número. A PF já conseguiu identificar Nelci como proprietária do apartamento 163B, mas ainda há a suspeita de que o real proprietário do apartamento 163-A – vizinho ao de Nelci – possa ser do ex-presidente Lula.

O Ministério Público de São Paulo chegou a conduzir uma investigação sobre o caso. Os promotores paulistas afirmaram ter concluído que Lula é o dono do tríplex 163-A. No entanto, na escritura do imóvel, o tríplex está em nome da construtora OAS. A denúncia do MP afirma que a OAS, investigada na Operação Lava Jato, reservou o apartamento para o ex-presidente e pagou mais de R$ 700 mil pela reforma do imóvel. Lula aparece em fotos visitando o apartamento.

Os promotores de São Paulo chegaram a pedir a prisão preventiva de Lula e mais seis pessoas ligadas ao ex-presidente, mas a juíza de São Paulo remeteu o caso ao juiz Sergio Moro, em Curitiba, que conduz as investigações da Operação Lava Jato.

Até agora, a investigação sobre o tríplex 163-A ainda não se tornou pública. Há um procedimento em andamento, mas ainda está em segredo de Justiça.

Os advogados de Lula negam que o ex-presidente seja o proprietário do imóvel e alegam que a 13ª Vara não tem competência para conduzir o caso, já que Moro “não aponta um único elemento concreto que possa vincular as investigações sobre a propriedade de um sítio em Atibaia (SP) ou de um apartamento no Guarujá (SP) a supostos desvios ocorridos no âmbito da Petrobras, e, consequentemente, à Operação Lava Jato”.

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