Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Operação

PF faz buscas na Petrobras e mira contrato de R$ 443,8 mi

Polícia Federal apura a legitimidade de um contrato da estatal. Suspeita é que ele tenha sido influenciado por suspeitos presos na primeira fase da Operação Lava Jato

 |

A Polícia Federal (PF) iniciou ontem uma segunda etapa da Operação Lava Jato. Agentes da PF cumpriram um mandado de busca e apreensão na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. O desdobramento da operação ocorre no momento em que oposição e governo duelam pela instalação de uma CPI sobre a estatal no Congresso.

INFOGRÁFICO: Veja a rede de relacionamentos de Youssef

Nessa segunda etapa da Operação, a PF apura a legitimidade de um contrato firmado entre a Petrobras e a empresa Ecoglobal Ambiental Comércio e Serviços no valor de R$ 443,8 milhões. A suspeita é que a contratação tenha sido influenciada pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, presos desde o dia 17 de março na Superintendência da PF em Curitiba. Em nota, a Petrobras informou que não houve desembolso em relação ao contrato.

Ontem, o doleiro Rinaldo Gonçalves de Carvalho, ligado a Youssef, foi preso em São Paulo. O advogado dele não foi localizado. No Rio, o dono da Ecoglobal, Vladimir Magalhães da Silveira, foi levado pela Polícia Federal para prestar depoimento e depois liberado. Ele negou ter fechado negócio com Youssef e Costa.

A autorização para a operação de ontem, dada em decisão da 13.ª Vara Criminal da Justiça Federal no Paraná, mostra que, na época em que o contrato foi firmado, 75% das cotas das empresas Ecoglobal estariam sendo negociadas por R$ 18 milhões para o grupo empresarial Quality Holding, do qual participa Youssef, e da Sunset Global Participações, da qual Costa participa, e ainda pela Tino Real Participações. "O próprio negócio da cessão de cotas é condicionado à efetivação do contrato da Ecoglobal com a Petrobras. A esse respeito, consta nos autos carta-proposta confidencial subscrita pelos negociantes e datada de 18/09/2013", cita trecho da decisão. "Os fatos sugerem atuação dos compradores das empresas Ecoglobal na obtenção do contrato junto à Petrobras, ainda não esclarecidos os meios, com concomitante aquisição da referida empresa, sugerindo que não poderiam estar antes no quadro social, o que gera fundada suspeita da licitude", cita a decisão da Vara Criminal.

Para ressaltar a suspeita de ilicitude do contrato, o documento da Vara Criminal apontou ainda o possível envolvimento de Youssef em crimes financeiros e de lavagem de dinheiro, assim como o suposto envolvimento do ex-diretor da Petrobras em crime de corrupção ativa. O juízo cita ainda a contradição no valor estabelecido para a venda das ações da Ecoglobal e o lucro previsto no contrato com a Petrobras. "(...) causa estranheza que empresa que logre obter contrato de 443 milhões de reais seja negociada na mesma época, 75% das cotas, por 18 milhões".

Documentos

Ao longo do dia, a PF apreendeu documentos em São Paulo, Campinas, Macaé, Niterói e Rio de Janeiro. Parte do material foi entregue no início da noite na Superintendência Regional da PF no Paraná. Na sede da Petrobras, no Rio, a própria presidente da empresa, Graça Foster, recebeu os policiais e forneceu os documentos pedidos.

A atuação da PF repercutiu em Brasília. O senador Randolfe Rodrigues, pré-candidato do PSol à presidência da República, disse que a aprovação de uma CPI exclusiva para investigar a Petrobras no Congresso é "inevitável". "É uma necessidade cada vez mais urgente."

Transferência

O juízo da 13.ª Vara Federal do Paraná irá ouvir a manifestação da defesa e do Ministério Público Federal antes de decidir pela transferência dos doleiros Alberto Youssef e Carlos Habib Chater e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa de Curitiba para o presídio federal de segurança máxima de Catanduvas (PR). Eles estão detidos na carceragem da Superintendência da Polícia Federal (PF) da capital. O pedido foi feito anteontem pela PF e inclui a solicitação de transferência de outros 11 envolvidos na operação Lava Jato para prisões estaduais.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.