
Brasília - A Polícia Federal (PF) prendeu ontem o número 2 do Ministério do Turismo, o secretário-executivo Frederico Silva da Costa, indicado para o cargo pelo PMDB. Ele e outras 34 pessoas foram detidas acusadas de envolvimento numa quadrilha que teria desviado pelo menos R$ 3 milhões de um convênio firmado pela pasta com uma ONG do Amapá. Outros 3 envolvidos estão foragidos. Na operação, também foram apreendidos R$ 610 mil.
A ação da PF acirrou ainda mais a crise no Planalto, pois atingiu um ministério comandado pelo PMDB e que tem petistas em cargos de chefia. As prisões da Operação Voucher deixaram ainda os ânimos no Congresso mais agitados, diante do temor de que a presidente Dilma Rousseff teria colocado a polícia para terminar a "faxina" ministerial. O Planalto e a PF correram para negar a informação de que a presidente tivesse conhecimento da ação. E a polícia negou qualquer conotação política na ação.
Detidos
O secretário-executivo do ministério, detido ontem pela PF, ocupa cargos de direção no Turismo desde o primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre os presos estão ainda o ex-deputado Colbert Martins da Silva Filho, secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, também indicado do PMDB; e o ex-presidente da Empresa Brasileira do Turismo (Embratur), Mário Moysés, petista ligado à senadora Marta Suplicy, que comandou o ministério em 2007.
Os três tiveram prisão preventiva, com duração mais longa, de 30 dias prorrogáveis pelo tempo necessário à instrução do inquérito "As provas contra eles são robustas", explicou o diretor-executivo da Polícia Federal, delegado Paulo de Tarso Teixeira. Todos os envolvidos devem ser levados a Macapá (AP), onde a operação foi centralizada.
As investigações da operação, batizada de Voucher em referência a um conhecido documento de compensação turística, foram iniciadas em abril, a partir de denúncia do Tribunal de Contas da União (TCU), que encontrou indícios de fraude num convênio de R$ 4,45 milhões entre o ministério e o Instituto Brasileiro de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), empresa sem fins lucrativos que deveria fazer treinamento de profissionais da área turística. Do total, R$ 4 milhões foram repassados pelo ministério e o restante deveria ser contrapartida da entidade, que tem sede no Amapá.
"O dinheiro era repassado pelo ministério ao Ibrasi, que usava empresas do grupo ou fictícias. A partir desse repasses, os treinamentos não eram executados", disse o delegado Teixeira. A PF suspeita que pelo menos dois terços do valor do convênio (cerca de R$ 3 milhões) foi desviado.
O Ministério do Turismo fez o convênio com dinheiro originado de emenda parlamentar. Segundo o delegado, contudo, não há indícios, "até o momento", de participação de deputados no esquema.




