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Operação Satiagraha

PF usou sistema paralelo de grampo, revela agente

Agentes envolvidos na Operação Satiagraha, da Polícia Federal (PF), utilizaram um sistema de grampo telefônico paralelo, além do "Guardião", sistema oficial de interceptação telefônica. O uso do sistema extra-oficial foi feito durante o período em que a equipe de investigação era comandada pelo delegado Protógenes Queiroz.

A revelação foi feita ontem pelo agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Jerônimo Jorge da Silva Araújo, em depoimento à CPI dos Grampos. Sem revelar o nome do sistema utilizado, ele disse aos deputados, em depoimento fechado, que manuseava apenas os áudios dos grampos, já devidamente repassados ao computador.

Quem também depôs na CPI foi o agente Lúcio Fábio Godoy de Sá. Pela manhã, na sede da Abin, ele afirmou ter sido informado por Protógenes que a Satiagraha havia sido uma determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente estaria preocupado, segundo o agente, com investigações em torno do seu filho Fábio Luiz da Silva, conhecido como Lulinha.

O depoimento de Godoy faz ganhar força a versão de que Protógenes teria investigado ilegalmente autoridades dos três poderes, segundo integrantes da comissão parlamentar.

A CPI quer agora esclarecer a denúncia com o próprio Protógenes, que presta depoimento à comissão na próxima quarta-feira. "O Protógenes vai ter que dizer se foi ele que disse isso sobre o presidente Lula. Por que essa operação da Polícia Federal teve esse tamanho?", questionou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).

O presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), disse que os depoimentos dos agentes mostraram que a Operação Satiagraha não seguiu os "ditames normais" previstos pela PF. "A CPI vem demonstrando uma série de atos praticados que estão em desacordo com as normas e a legislação. Não temos o objetivo de condenar quem quer que seja, estamos apontando fatos doa a quem doer", afirmou.

Além de Godoy Sá e Araújo, que preferiram falar à CPI em sessão secreta na sede da Abin, outro servidor da agência voltou a prestar depoimento na comissão. Márcio Seltz esteve novamente no Congresso e confirmou ter encaminhado ao ex-diretor da Abin Paulo Lacerda os áudios de parte das interceptações telefônicas realizadas durante a Operação Satiagraha.

Seltz disse acreditar, no entanto, que Lacerda pode não ter percebido que tinha os áudios em suas mãos, uma vez que ele descarregou o conteúdo de um pen drive no computador do ex-diretor. O conteúdo do pen drive também reunia o relatório elaborado pelo agente sobre a Satiagraha.

"Partindo do pressuposto que o doutor Lacerda está falando a verdade quando diz que não recebeu e também do pressuposto que eu estou falando que encaminhei os áudios para ele, a única possibilidade é que ele tenha visto a pasta do Word (com o relatório) e não tenha visto a pasta ao lado de áudios. Não sei se foi isso que ocorreu. Mas eu colocaria isso como uma possibilidade", afirmou Seltz.

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