
O doleiro Alberto Youssef, delator da Operação Lava Jato, foi ouvido nesta quinta-feira (9) pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em Curitiba, sobre a suspeita de que dinheiro desviado da Receita Estadual do Paraná abasteceu a campanha de reeleição do governador Beto Richa (PSDB), em 2014. A reportagem não teve acesso ao teor do depoimento.
Advogado de delator diz não ver relação entre Publicano e doleiro
Auditor fiscal suspeito de integrar o esquema no Fisco estadual, Luiz Antônio de Souza disse em delação premiada que ele e seus colegas arrecadaram até R$ 2 milhões para a reeleição de Richa, por meio de caixa 2. Souza fechou acordo de delação, no âmbito da Operação Publicano, com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estadual.
Segundo o delator, os auditores que atuavam na delegacia da Receita Estadual de Londrina reduziam ou anulavam as dívidas tributárias de empresas em troca de propina de empresários. Ainda segundo o depoimento de Souza, um ex-inspetor-geral de fiscalização da Receita coordenava o esquema sob as ordens do empresário Luiz Abi Antoun, primo distante de Richa. Luiz Abi foi preso na segunda fase da Operação Publicano. Por meio de seu advogado, Antônio Carlos Coelho Mendes, Abi nega participação no esquema.
Justiça
No mês passado, o ministro João Otávio Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), havia negado pedido do governador para levar à Corte, em Brasília, a investigação que hoje corre em Londrina. A defesa de Richa havia pedido a suspensão das investigações na Justiça do Paraná argumentando que o caso seria de competência do STJ, instância na qual governadores têm prerrogativa de foro, de acordo com a Constituição. A Operação Publicano hoje está sob responsabilidade da 3.ª Vara Criminal de Londrina.
Outro lado
Assessor de imprensa do PSDB-PR, Guilherme Dala Barba disse em nota que o partido “desconhece o teor do depoimento e reitera que todas as doações recebidas na campanha eleitoral de 2014 foram declaradas, registradas e aprovadas integralmente pela Justiça Eleitoral”.
O governo do Paraná informou que apoia as investigações. Desde que a delação do auditor fiscal Luiz Antônio de Souza foi divulgada, o governador Beto Richa tem negado reiteradamente qualquer irregularidade.
A direção estadual do PSDB também já emitiu uma nota oficial na qual afirma que “refuta de forma veemente as declarações do sr. Luiz Antonio de Souza”. “O partido ressalta ainda que todas as doações para a campanha do governador Beto Richa ocorreram dentro da legalidade e foram realizadas voluntariamente, sendo registradas e atestadas pelo Comitê Financeiro. As contas foram apresentadas e aprovadas integralmente pela Justiça Eleitoral”, afirmava a nota.



