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Em meio à crise política, presidente Dilma mantém o hábito das pedaladas diárias. | Ueslei Marcelino/Reuters
Em meio à crise política, presidente Dilma mantém o hábito das pedaladas diárias.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Apesar do que diz o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre a incapacidade do governo de controlar as operações da Polícia Federal, o Planalto já espera uma declaração de guerra por parte dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na semana que vem, quando são aguardadas denúncias contra eles. As buscas e apreensões nas casas e escritórios de deputados e senadores na terça-feira (14) contaminaram de vez o ambiente.

“O vazamento de informações de que Renan e Eduardo Cunha serão denunciados na semana que vem é uma tentativa de constrangê-los, mas é o tipo de coisa feita sem nenhuma inteligência, porque só deixa os dois ainda mais ouriçados”, avaliou um integrante do governo.

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No Congresso, a resposta é a retaliação. O governo fechará o primeiro semestre sem ter conseguido aprovar o último ponto do ajuste fiscal: a medida que aumenta os impostos sobre a folha de pagamentos das empresas. Os apelos da presidente Dilma Rousseff e do ministro Joaquim Levy (Fazenda) não surtiram efeito e o projeto, assim como a unificação das alíquotas do ICMS ficaram para agosto e serão votados em um clima ainda mais conflagrado, já que após o recesso o TCU julgará as contas do governo Dilma.

“Há muita má vontade com ela. Dilma está praticamente inviabilizada no Congresso”, avaliou um parlamentar da base do governo.

Dilma se reuniu ontem com o vice-presidente e articulador político do governo Michel Temer (PMDB) depois de voltar de uma viagem a Santa Catarina . Segundo integrantes do governo, Dilma tratou com o vice das votações no Congresso, principalmente do pacote do ajuste fiscal. Mas no Planalto a percepção é que a relação com a Câmara e o Senado será difícil. Até mesmo o veto, já sinalizado mas ainda não publicado, aos projetos que aumentam em mais de 70% os salários do Judiciário e o que equipara reajustes das aposentadorias à fórmula do salário mínimo correm o risco de ser derrubados. Trata-se de duas enormes bombas fiscais para o governo e a avaliação de um ministro é que uma eventual derrubada dos vetos “será um desastre”.

Incomodado com a informação, divulgada na quarta-feira (15) pela Folha de S.Paulo, de que o governo conta com sua denúncia pela Procuradoria-Geral da República, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sinalizou que poderá instalar no segundo semestre uma série de CPIs com potencial crítico para o Planalto, como as do BNDES e dos fundos de pensão.

Aliados de Cunha dizem que ele foi informado de que Janot poderia apresentar a denúncia contra ele na sexta-feira (17), coincidindo com o pronunciamento que ele fará em rede nacional. Boa parte dos partidos da base aliada chama de midiática a ação da Polícia Federal, citando a apreensão de carros de luxo do senador Fernando Collor (PTB-AL), e acreditam que Janot e o ministro da Justiça estão “jogando juntos”. Na quarta, Cunha ironizou a possibilidade de ser feita uma busca em sua casa: “A porta da minha casa está aberta, podem ir a hora que quiserem. Acordo seis horas. De preferência que não cheguem antes, para não me acordar”.

Os sinais de irritação e fadiga com o Planalto podem ser vistos com atitudes recentes de líderes da base aliada. O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), por exemplo, não compareceu nem ao café da manhã e nem à audiência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na Câmara. Segundo Picciani, não foi ao encontro porque “a agenda não permitiu”. Picciani também havia avisado ao vice-presidente, Michel Temer, que não poderia comparecer à reunião dos aliados na terça-feira.

Nesta quarta, ele criticou a medida provisória que cria dois fundos para compensar estados pela reforma do ICMS e, em plenário, sugeriu que a Cunha que rejeite a medida assim que ela chegar à Câmara. Dando o tom da beligerância, Cunha rebateu: “ Essa MP já nasceu morta”.

Um dos principais aliados de Cunha, o deputado Paulinho da Força (SDD-SP), ainda preparou uma retaliação final ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Ele apresentou uma emenda a um projeto que, na prática, veda a recondução dos procuradores gerais da República. Se for aprovada pelas duas Casas do Congresso antes de setembro, quando termina o mandato de dois anos do atual procurador, sua recondução poderá ser afetada.

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