
Predomina nos corredores e nos bastidores do governo em Brasília a informação de que a relação da presidente Dilma Rousseff com a maioria de seus ministros é marcada pelo atrito quase constante. Mas há um grupo que se destaca pela proximidade e afinidade que conquistou com Dilma. O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) é um dos expoentes desse grupo. O comportamento da presidente em relação às suspeitas que pesam sobre as consultorias milionárias do ministro reforça o tamanho do seu prestígio no Planalto.
Os ministros apontados como os mais influentes no Planalto são os que menos sofrem as consequências do descontentamento da presidente no dia a dia. Porém, mesmo eles, em alguns momentos, costumam receber broncas presidenciais.
Nesses quase 12 meses de governo Dilma, alguns deles são traídos pela vaidade e até vendem uma proximidade e cumplicidade acima da realidade. Mas é fato que conquistaram a confiança de Dilma uma trinca de ministros apelidados de "meninos superpoderosos": além de Pimentel, Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência).
De todos, Pimentel já era o mais próximo por ter convivido com Dilma na época da luta contra a ditadura. A primeira crise envolvendo Pimentel a que tomou conta da campanha de Dilma, quando foi realizado um dossiê contra o candidato tucano José Serra não a afastou de Pimentel. E na crise atual, pelo menos até agora, a presidente continua fiel ao amigo mineiro.
Pimentel acompanhou a presidente em praticamente todas as viagens e, até antes do caso das consultorias, era consultado por ela em assuntos importantes. Em Nova York, em setembro, por exemplo, Dilma discutiu em vários momentos com Pimentel o tom do discurso que faria nas Nações Unidas. Ele tinha longas conversas com ela sobre questões políticas e era também conselheiro de problemas cotidianos.
Outro que ganhou a confiança de Dilma é Aloizio Mercadante. Na última viagem à África, em outubro, Dilma sentiu falta de Mercadante e, na última hora, mandou incluí-lo na comitiva, obrigando-o a alterar toda a sua agenda. A afinidade dos dois cresceu também na avaliação sobre a condução da política econômica.
A proximidade com Mercadante cresceu tanto que, durante o processo de substituição do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, Dilma chegou a alertá-lo que ele era uma opção reserva. Logo depois, foi confirmada a nomeação de Celso Amorim. Agora, é citado nas rodas políticas como o preferido para substituir Fernando Haddad no Ministério da Educação.
Também tem conquistado pontos com a presidente o ministro Gilberto Carvalho. Apontado inicialmente como uma espécie de "olhos e ouvidos" do ex-presidente Lula, Gilberto ganhou a confiança da presidente ao longo desses primeiros 12 meses de mandato. Tanto que ela o tem escalado cada vez mais para missões especiais.
Durante a crise que culminou com a queda do ex-ministro do Esporte Orlando Silva, Gilberto foi o principal interlocutor do Planalto junto ao PCdoB. Ele também mantém um contato permanente entre Dilma e Lula.



