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| Foto: Marcos Correa/PR

A delação premiada de executivos da Odebrecht é vista como um risco para o presidente Michel Temer no processo que corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e investiga irregularidades na campanha presidencial de 2014. Há um temor no Planalto de que os executivos da empreiteira levantem novas suspeitas sobre a origem das doações feitas à campanha, fortalecendo a acusação de que houve abuso de poder econômico.

Até então, o depoimento de acusação considerado mais consistente era o do delator Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, que entrou em contradição e depois negou que houvesse dinheiro de propina para campanha que reelegeu Dilma Rousseff e Temer. Na noite de sexta-feira (9), porém, a delação do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, Claudio Melo Filho, veio à tona, atingindo diretamente o Planalto. na noite desta sexta-feira (9).

O executivo cravou que parte do dinheiro prometido pela empresa ao PMDB foi pago em dinheiro vivo no escritório de José Yunes, amigo e assessor do presidente Michel Temer (PMDB). Além de Temer, Melo Filho citou pelo menos outros 34 políticos, com destaque para caciques do PMDB e integrantes do núcleo duro do Planalto – Romero Jucá, Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Moreira Franco, Rodrigo Maia, entre outros.

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A colaboração da Odebrecht – cujos 77 executivos assinaram na semana passada delação com a força-tarefa da Lava Jato – pode chegar ao TSE de dois modos. Caso a instrução do processo ainda não tenha sido dada como concluída, novos depoimentos podem ser solicitados e juntados como indicações a favor da acusação. Ainda que isso não seja feito, no entanto, há um receio de interlocutores de Temer de que haja uma contaminação política do julgamento pelo TSE, considerada a corte “mais politizada” entre os tribunais superiores.

No Planalto, a nova etapa da Lava Jato é vista como “imponderável”. Interlocutores do peemedebista dizem que o presidente demonstra tranquilidade com a delação, mas a defesa de Temer na corte eleitoral gostaria de que o caso se encerrasse antes de os acordos de Marcelo Odebrecht e funcionários da empresa se tornarem públicos.

Ainda assim, auxiliares de Temer consideram pouco provável uma cassação de mandato e consequente eleição. O Planalto garante que, caso haja condenação, Temer vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Além da delação da Odebrecht, há outro depoimento considerado fundamental para o processo: o de Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana. Ela deveria ter prestado depoimento em setembro, mas adiou a oitiva, por estar negociando uma delação premiada na Lava Jato.

A LISTA

A lista foi elaborada pelo site Jota.

1. Michel Temer (presidente da República)

R$ 10 milhões

2. Anderson Dornelles (ex-assessor de Dilma)- identificado na delação como“Las Vegas”

R$ 350 mil

3. Antônio Brito (deputado federal) - identificado na delação como “Misericórdia”

R$ 430 mil

4. Arthur Maia (deputado federal) - “Tuca”

R$ 600 mil

5. Ciro Nogueira (senador) - “Cerrado” e “Piqui”

R$ 5 milhões para campanhas do PP

6. Delcídio do Amaral (ex-senador) -“Ferrari”

R$ 550 mil

7. Duarte Nogueira (prefeito de Ribeirão Preto) - “Corredor”

R$ 600 mil

8. Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara) - “Caranguejo”

R$ 7 milhões

9. Eliseu Padilha (ministro) - “Primo”

teria negociado recursos para Temer

10. Eunício Oliveira (senador)

R$ 2,1 milhões

11. Geddel Vieira Lima (ex-ministro) - “Babel”

R$ 1,5 milhão

12. Gim Argello (ex-senador) - “Campari”

R$ 1,5 milhão

13. Inaldo Leitão (deputado federal)

R$ 100 mil

14. Jaques Wagner (ex-ministro) - “Polo”

R$ 9,5 milhões

15. José Agripino (senador) - “Pino” ou “Gripado”

R$ 1 milhão solicitado por Aécio Neves

16. Katia Abreu (senadora)

teria acertado ajuda financeira com Marcelo Odebrecht

17. Lúcio Vieira Lima (deputado federal)

entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão

18. Marco Maia (deputado federal)

R$ 1,3 milhão

19. Moreira Franco (secretário do governo Temer)

recursos para Temer

20. Renan Calheiros (senador)

teria sido beneficiado por parte dos R$ 22 milhões do PMDB

21. Rodrigo Maia (presidente da Câmara)

R$ 100 mil

22. Romero Jucá (senador) - identificado na delação como “Caju”

teria nNegociado para o PMDB R$ 22 milhões

23. Romário (senador)

Foi pedida contribuição para sua campanha, mas a empresa não fez

24. Bruno Araújo (deputado federal)

Foi pedida contribuição para sua campanha, mas a empresa não fez)

25. Adolfo Viana (deputado estadual na Bahia)

R$ 50 mil

26. Lídice da Mata (senadora)

R$ 200 mil

27. Daniel Almeida (deputado federal)

R$ 100 mil

28. Paulo Magalhães Júnior (vereador em Salvador)

R$ 50 mil

29. Hugo Napoleão (deputado federal)

R$ 100 mil

30. Jutahy Magalhães (deputado federal)

R$ 350 mil

31. Francisco Dornelles (vice-governador do Rio)

R$ 200 mil

32. Carlinhos Almeida (vereador em São José dos Campos-SP)

R$ 50 mil

33. João Almeida (deputado federal)

R$ 500 mil

34. Rui Costa (governador da Bahia)

R$ 10 milhões

35. Paulo Skaf (presidente da Fiesp)

teria sido beneficiado com R$ 6 milhões da verba acertada com Temer

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