
Às vésperas do lançamento da nova regulamentação para o sistema portuário com o objetivo de atrair mais investimentos para o setor, o Planalto busca desvincular a elaboração do programa do escândalo deflagrado pela Operação Porto Seguro. Mas as investigações da Polícia Federal sobre tráfico de influência e venda de pareceres lançaram suspeita sobre o programa de investimentos que a presidente Dilma Rousseff pretende lançar na quinta-feira, com valores que podem chegar a R$ 40 bilhões.
Reportagem de ontem do jornal O Globo revelou que o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Portuário da Secretaria Especial de Portos (SEP), Rogério de Abreu Menescal, teve envolvimento com acusados pela Polícia Federal, embora ele próprio não seja investigado. Menescal participou da elaboração do programa de investimentos nos portos.
Segundo o jornal, Menescal recebeu na sede do ministério o então diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), Paulo Rodrigues Vieira um dos investigados na Operação Porto Seguro. Vieira deixou claro estar na reunião a pedido do ex-senador Gilberto Miranda (PMDB-AM). O encontro entre Menescal e Vieira, em 24 de abril deste ano, é descrito na parte do inquérito da PF dedicada às supostas intermediações feitas pelo ex-diretor da ANA para favorecer a instalação de um terminal portuário de uso privativo pertencente a Miranda no Porto de Santos (SP).
Menescal informou à reportagem de O Globo que o motivo do pedido de audiência de Vieira foi revelado apenas durante a reunião: o empreendimento de Miranda.
Depois do encontro, Menescal participou no Palácio do Planalto de pelo menos nove reuniões com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para discutir a elaboração do programa de investimentos dos portos. Segundo a agenda de Gleisi, em apenas duas das nove reuniões Menescal foi como acompanhante do ministro da SEP, Leônidas Cristino. Nas demais, ele representava a pasta.
Também o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, esteve em três dessas reuniões. Com a deflagração da Operação Porto Seguro, Adams negou qualquer participação do então advogado-geral adjunto, José Weber Holanda Alves, indiciado pela PF, na elaboração do programa de portos.



