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Militares

Plano de defesa estratégica enfrenta resistências, diz Unger

Integrantes das Forças Armadas se opõem à intenção do governo de revisar o plano de defesa estratégica e adotar critérios estritos para a aquisição de armas, afirmou o ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, nesta terça-feira.

O governo brasileiro deveria ter divulgado dois meses atrás um documento traçando as linhas gerais de uma mudança nas prioridades do setor de defesa, que passariam da fronteira sul para a porosa fronteira amazônica, para os novos campos de petróleo marítimo e para o imenso espaço aéreo brasileiro.

Mas críticos e uma suposta falta de apoio ao projeto provocaram atrasos. "Recebemos várias críticas e sugestões. Para ser franco, muitas delas implicam diluir o plano de defesa nacional porque essa é uma proposta muito forte", afirmou Mangabeira Unger, que é co-autor do plano, em entrevista à Reuters.

A proposta de converter todo o Exército em uma força de mobilização rápida para que possa responder prontamente as ameaças à segurança nacional foi duramente criticada, disse o ministro.

"Isso seria ambíguo demais, caro demais e difícil de realizar -- tecnicamente ou culturalmente; nós não precisaríamos disso porque não somos ameaçados por ninguém", afirmou o ministro, um ex-professor de direito na Universidade de Harvard.

Outro problema envolvendo a elaboração de um plano do tipo é a falta de especialistas civis em defesa no Brasil capazes de aconselhar o governo, disse Mangabeira Unger.

O plano sugerido prevê a aquisição de armas que satisfaçam estritamente às necessidades da área de defesa e não projetos de poderio internacional, como ocorreu nas décadas recentes.

A resistência dos militares a tais propostas diminuiu, mas ainda continua a existir, segundo o ministro.

"Ninguém quer ser transformado. Quando a liderança civil propõe uma reforma em suas fileiras, eles (militares) se fecham, eles fecham as portas", disse.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encarregou Mangabeira Unger de obter mais opiniões e apoio para o plano. Na terceira semana de novembro, o documento deve ser analisado pelo Conselho Nacional de Defesa, formado por líderes do Congresso, pelos comandantes da três Forças Armadas e por ministros do governo.

Mangabeira Unger tem esperanças de que o plano seja em grande medida preservado.

"Eu não acredito que o efeito cumulativo dessas sugestões seja o de enfraquecer o plano de defesa nacional."

O documento determina que o Brasil desenvolva seu próprio setor armamentista por meio de incentivos fiscais e de encomendas do poder público.

A França, segundo Unger, seria o país mais bem qualificado para transferir a tecnologia de que o Brasil precisa.

"Nós avançamos muito com a França", disse o ministro, acrescentando que os EUA já tinham cometido erros nesse assunto e que a Rússia não possuía experiência de transferir tecnologia.

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