
Em visita ao Chile, a presidente Dilma Rousseff procurou ontem minimizar a crise do Planalto com a base aliada no Congresso especialmente com o PMDB, o maior partido da coalizão governista. Disse que está satisfeita com a relação com os parlamentares peemedebistas. "O PMDB só me dá alegrias", disse, em entrevista antes de participar da posse da presidente eleita do Chile, Michelle Bachelet. Apesar disso, horas mais tarde Dilma sofreu uma dura derrota na Câmara dos Deputados imposta por aliados: a criação de uma comissão de deputados para investigar no exterior denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras.
Ao final da votação, 267 parlamentares apoiaram o requerimento para criar a comissão, 28 se manifestaram contrários e 15 se abstiveram. A aprovação contou com apoio maciço de partidos da base: PMDB, PR, PTB e PSC orientaram suas bancadas a votar contra os interesses do Planalto.
Propina holandesa
A comissão externa vai acompanhar, na Holanda, as investigações de um suposto esquema de pagamento de propina da empresa holandesa SBM Offshore a funcionários e intermediários da Petrobras, em negócios envolvendo o fretamento de plataformas.
O governo passou o dia tentando convencer os deputados insatisfeitos a não aprovarem a investigação. O Planalto prometeu levar ao Congresso Nacional ministros para explicarem as medidas que estão sendo adotadas para apurar o caso.
Deputados petistas argumentaram que o Ministério Público holandês ainda não decidiu se há elementos para abrir uma investigação formal. "Há um grave erro político porque nós poderemos prejudicar a Petrobras e colocar a Petrobras, no plano internacional, sobre uma suspeição que ainda não existe", declarou o líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (SP).
Falou mais alto, no entanto, o descontentamento da base aliada com o Planalto. Na lista de reclamações, constam acusações de que o governo beneficia deputados do PT, contingenciamento de emendas parlamentares (vitais para os congressistas em ano eleitoral) e a indefinição na reforma ministerial conduzida pela presidente Dilma Rousseff.
O Planalto designou ontem o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para tentar esvaziar pessoalmente o Blocão de partidos insatisfeitos. Um dia antes, Dilma havia se comprometido pessoalmente a fazer campanha para candidatos peemedebistas em estados onde o PT também terá concorrentes ao governo estadual. Chegou a sinalizar que em seis estados (Maranhão, Goiás, Alagoas, Paraíba, Tocantins e Rondônia) o PT poderia até desistir da candidatura. Nada deu certo e a derrota na Câmara sinalizou que a insatisfação da base é maior do que o Planalto avaliava.



