Em pouco mais de 24 horas, a polícia apreendeu aproximadamente meia tonelada de drogas no Rio de Janeiro. Policiais do Serviço de Repressão a Entorpecentes da Baixada (SRE- Baixada) interceptaram na manhã desta quinta-feira, na zona sul, um caminhão com cerca de 300 quilos de maconha. A droga foi encontrada nos quatro pneus suspensos do veículo, acondicionada em tabletes. O material seria levado para a Favela Beira-Mar, em Duque de Caxias, mesmo destino do material apreendido nesta quarta-feira, quando agentes da Polícia Federal, com a ajuda de cães farejadores, interceptaram um caminhão com cerca de 250 quilos de cocaína, 30 quilos de crack e seis quilos de haxixe foi interceptado na Via Dutra, na altura de Seropédica.
Ao ser preso nesta quinta-feira, o motorista do caminhão informou que a droga tinha saído do Paraguai, passou por São Paulo e seria levada para a Favela Beira-Mar, em Duque de Caxias, reduto do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que está preso na Superintendência da PF de Brasília, condenado por tráfico de drogas.
A operação começou a ser montada quando os agentes da especializada receberam informação de que uma carga do entorpecente chegaria. Um esquema, então, foi traçado para interceptar o caminhão Volkswagen, placa GQF-4570, de São Paulo, que começou a ter a rota monitorada quando chegou ao Paraná e seguiu por São Paulo, até chegar ao Rio de Janeiro. Por volta das 7h desta quinta-feira, os agentes perceberam quando o caminhão desviou da rota, passou pela entrada da Favela Beira-Mar e seguiu em direção à Avenida Prado Júnior, Zona Sul, onde foi interceptado e seu motorista detido.
Na noite desta quarta-feira, policiais federais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e da Missão Suporte da Superintendência Regional no Rio de Janeiro, apreenderam um caminhão de mudanças com aproximadamente 150 quilos de maconha, na divisa dos bairros de Irajá e Cordovil, na Zona Norte do Rio. A droga estava escondida em tabletes, no interior de estruturas de madeira. O endereço de entrega da "mudança" era na Estrada dos Bandeirantes, no bairro de Jacarepaguá, na Zona Oeste Fluminense. Os policiais foram ao local e constataram se tratar de endereço inexistente. Foi instaurado inquérito para apurar o crime.
Droga está escassa nas favelas
Sobre a remessa de cocaína apreendida na madrugada desta quarta-feira, a Polícia Federal afirmou que era uma tentativa desesperada de uma determinada facção criminosa de recuperar fôlego financeiro e poder nos morros do Rio. O tráfico está com dificuldades de trazer cocaína para o Rio e a droga está ficando escassa, segundo as polícias Federal e Civil. Desde 2003, a PF não apreendia uma grande carga destinada às favelas. Dados da Coordenação Geral de Polícia de Repressão a Entorpecentes, unidade da PF em Brasília especializada no combate ao tráfico no país, confirmam que as apreensões de cocaína e maconha na Região Sudeste caíram nos últimos cinco anos. Em 2000, foram apreendidas 25 toneladas de cocaína e 121 de maconha nos estados do Rio, de São Paulo e Minas Gerais. No ano passado, as apreensões na região despencaram para quatro toneladas de cocaína e 17 de maconha.
Com menos cocaína para vender, os traficantes estão mais violentos e buscando outras fontes de renda. Isso justificaria o aumento nos índices dos crimes contra o patrimônio no estado. Pesquisadores do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Cândido Mendes, identificaram esse aumento. O assalto a transeunte, por exemplo, passou de 17.884 casos em 2003 para 36.080 em 2005. O número de assaltos em ônibus subiu de 4.653 (em 2003) para 7.469 (em 2005) e o de seqüestro relâmpago pulou de 26 para 110.
O delegado Victor César Santos, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF no Rio, disse que, para evitar o transporte de drogas em grande quantidade, os traficantes mudaram de estratégia: montaram depósitos em São Paulo e Minas Gerais e usam "mulas" que trazem cocaína e maconha em pequenos carregamentos. No lugar de carretas com fundos falsos, a PF tem se deparado mais com desempregados transportando, de ônibus, cocaína e maconha na mala. O "tráfico formiguinha" cresceu.



