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Legislativo municipal

Polícia faz buscas na casa de Derosso para apurar suspeita de corrupção

Operação policial apreende material em imóveis de 15 suspeitos de participar de suposto desvio da verba de publicidade da Câmara de Curitiba, entre 2006 e 2011

Derosso: inquérito é a 1ª investigação contra ele por suspeita de crime. Até então, caso estava apenas na esfera administrativa | Antônio Costa/Arquivo/ Gazeta do Povo
Derosso: inquérito é a 1ª investigação contra ele por suspeita de crime. Até então, caso estava apenas na esfera administrativa (Foto: Antônio Costa/Arquivo/ Gazeta do Povo)
Salamuni: Câmara está disposta a colaborar com a investigação |

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Salamuni: Câmara está disposta a colaborar com a investigação

Indícios de fraude em antigos contratos de publicidade da Câmara de Curitiba levaram a Polícia Civil a cumprir 18 mandados de busca e apreensão de documentos, notas fiscais e computadores, na manhã de ontem, na casa de suspeitos de envolvimento em supostas irregularidades que teriam ocorrido no Legislativo municipal entre 2005 e 2011. João Cláudio Derosso, ex-presidente da Câmara, e outras 15 pessoas tiveram os sigilos fiscal e bancário quebrados pela Justiça. O objetivo é investigar o suposto desvio de dinheiro da Casa. Até agora, Derosso era investigado apenas na esfera cível – cuja punição não prevê a prisão do. A operação de ontem é de uma investigação criminal, que pode resultar em uma pena de detenção.

O Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), que está à frente das investigações, solicitou a prisão dos envolvidos, mas a Justiça não acatou o pedido. Os policiais estiveram na chácara da família de Derosso, no bairro Xaxim, em Curitiba, à procura de documentos. Ele não estava no local.

Buscas também foram realizadas em Pinhais, na Grande Curitiba, e Londrina, no Norte do estado. A operação começou por volta das 6 horas. O cumprimento dos mandados envolveu o trabalho de 70 policiais. Foram encontradas armas com três envolvidos, presos em flagrante. Eles pagaram fiança e responderão a processo em liberdade.

As buscas envolveram ainda 12 empresas suspeitas de participar do esquema de desvio de verba da Câmara. Além de Derosso, há pessoas que figuram como sócias-proprietárias das empresas investigadas e supostos laranjas.

A partir da análise dos arquivos apreendidos, de depoimentos que devem acontecer nos próximos dias e da avaliação das movimentações bancária e fiscal dos envolvidos, o inquérito policial deve ser concluído até o fim do ano.

O caso

Uma série de reportagens, divulgadas pela Gazeta do Povo e pela RPC TV desde 2011, subsidiaram a investigação do Nurce. As reportagens apontaram uma série de irregularidades, na gestão de Derosso, nos contratos e despesas com a publicidade da Câmara de Curitiba – que consumiu R$ 31,9 milhões entre 2006 e 2011.

A licitação para a escolha das duas agências de publicidade que administraram a verba de comunicação da Câmara, realizada em 2006, contou com apenas duas concorrentes. No entendimento do Tribunal de Contas do Paraná (TC), vícios no processo colaboraram para a baixa participação de concorrentes. O Ministério Público viu indícios de direcionamento.

Uma das empresas vencedoras, a Oficina da Notícia, é de propriedade de Cláudia Queiroz, ex-mulher de Derosso. Na época, ela ainda não tinha relacionamento afetivo com o ex-presidente da Câmara. Mas, durante a licitação, Cláudia ocupava cargo comissionado na Câmara – o que viola a Lei de Licitações. Ela pediu exoneração antes de assinar o contrato.

Os contratos eram de apenas dois anos, mas foram prorrogados duas vezes, em 2008 e 2009 – chegando, então, a cinco anos de duração. Nesta época, Cláudia já tinha um relacionamento estável com Derosso. Isso contraria o princípio constitucional da impessoalidade. Durante a vigência do contrato, a Oficina da Notícia administrou R$ 5,1 milhões da verba publicitária do Legislativo.

A outra empresa vencedora da concorrência, a Visão Publicidade, gerenciou entre 2006 e 2011 R$ 26,8 milhões do dinheiro destinado à comunicação. Apenas o informativo Câmara em Ação, produzido entre 2006 e 2010 pela Visão, custou R$ 14 milhões. À época, foi levantada a suspeita de que a publicação teria sido superfaturada.

Posteriormente, técnicos do TC revelaram que quase todos os gastos feitos pela Câmara em publicidade podem ter sido inconstitucionais. A Casa pagou para diversos jornais de bairro e até para colunas sociais publicarem matérias elogiosas sobre os vereadores, o que pode ser considerado uso de dinheiro público para promoção pessoal.

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