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J&F nega operação casada com bancos

A J&F Participações S/A afirmou, por meio de nota, que "jamais realizou operação casada" e que o processo administrativo no âmbito do Banco Central ainda está em fase recursal, quando poderá ser comprovado que não houve "qualquer tipo de irregularidade" na concessão do empréstimo para a holding financeira Trapézio S/A, controlada pelo Banco Rural. De acordo com o Banco Original, a investigação "é sobre o Banco Rural".

Com relação à investigação da Polícia Federal, que encerrou inquérito concluindo pelo indiciamento dos dirigentes do Original e do Rural, o banco afirmou que "não haveria necessidade de investigação adicional", uma vez que o caso ainda está em análise no âmbito administrativo.

O banco também contesta conclusões da Polícia Federal. "Ao contrário do que mostra o inquérito conduzido pela Polícia Federal, as datas dos empréstimos não são coincidentes e as operações bancárias são rotineiras para o tamanho do grupo empresarial", diz a nota.

Ainda no comunicado, o Original informa que, "à época dos supostos acontecimentos, o empresário Joesley Batista não exercia função de diretor ou presidente da instituição financeira. E que as operações financeiras do Banco Original sempre seguiram rigorosos critérios ditados pelo próprio Banco Central."

O Original informou que "os empréstimos tomados pela Flora e J&F sempre são assinados por Joesley, na qualidade de presidente das empresas, embora a condução operacional dessas companhias seja exercida por outros executivos, reiterando que não havia sua interferência na decisão dos empréstimos por parte do Banco".

O jornal O Estado de S. Paulo procurou, por meio de sua assessoria, os ex-ministros da Justiça José Carlos Dias e Márcio Thomas Bastos, advogados, respectivamente de Katia Rabello e outros dirigentes do Rural, mas foi informado que eles apenas se pronunciam a respeito do processo do mensalão.

O advogado do Rural, também por meio da assessoria, foi procurado, mas não foi localizado. No inquérito da Polícia Federal, Kátia Rabello afirmou que "é apenas acionista da Trapézio" e que sua participação na operação que culminou no empréstimo de R$ 80 milhões à sua holding pelo Original foi apenas de "anuência".

Ela justificou no inquérito que o empréstimo teve como objetivo a necessidade de liquidação de dívidas da Trapézio, bem como o aumento de seu capital. Joesley optou por não responder aos questionamentos da Polícia Federal no inquérito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Agência Estado

O controlador do grupo J&F Participações, Joesley Batista, e a ex-presidente do banco Rural Kátia Rabello foram indiciados pela Polícia Federal, acusados de fazerem empréstimos cruzados entre instituições financeiras nas quais têm participação. Consideradas ilegais, as operações envolveram empréstimos de R$ 160 milhões. A pena pelo crime contra o sistema financeiro pode chegar a seis anos de reclusão, além de multa.

Segundo a Polícia Federal, as empresas recorreram à troca de empréstimos numa operação conhecida como "chumbo cruzado", muitas vezes usada para simular negócios e inflar balanços. Em outra investigação, o Banco Central também viu irregularidades nos empréstimos entre o banco Rural e o banco Original, que pertence à J&F.

O indiciamento ocorre quando a autoridade policial se convence de que há indícios suficientes de que o investigado praticou a infração penal e que deve ser denunciado pelo Ministério Público à Justiça, mas não significa condenação. A J&F negou ter realizado operação casada.

Investigação

A investigação da Polícia Federal chamou a atenção para empréstimos feitos em datas muito próximas entre empresas dos dois grupos. Segundo a apuração, o banco Rural emprestou R$ 80 milhões ao grupo J&F Participações S/A e à empresa Flora Produtos de Higiene e Limpeza, que pertence ao J&F, em 22 de dezembro de 2011.No mesmo dia em que as empresas do grupo J&F receberam os empréstimos em suas contas no banco Rural, o dinheiro foi transferido às contas no banco Original.

Quatro dias depois, o banco Original repassou os R$ 80 milhões para a Trapézio S/A, empresa holding que controlava as instituições financeiras do Rural. Três dias depois dessa transação, a Trapézio aplicou parte do valor (R$ 65 milhões) no aumento de capital social do banco Rural, ao integralizar ações ordinárias nominativas. Na época, o Rural era pressionado pelo BC a reforçar seu capital. Com a operação, o Rural obteve a "folga" financeira necessária.

Outro ponto que chamou a atenção da Polícia Federal foi o fato de o próprio banco Original ter indicado que as condições para o empréstimo para a Trapézio eram desfavoráveis. O empréstimo correspondia a 4,5 vezes o patrimônio líquido da Trapézio em novembro daquele ano. Na classificação de risco feita pelo Original, a nota da Trapézio era D-.

Na véspera

A PF também chamou a atenção para o fato de que as empresas tomadoras dos empréstimos não tinham relacionamento bancário com as instituições financeiras até a véspera da operação de crédito. A Trapézio abriu uma conta no Original uma semana antes da liberação dos recursos. A Flora Produtos abriu a conta no Rural um dia antes de conseguir o empréstimo e a J&F Participações, apenas três dias antes.

Nem Joesley nem Kátia participaram das decisões dos comitês de crédito dos bancos que aprovaram a concessão dos empréstimos. Joesley, contudo, foi o avalista dos contratos firmados entre a J&F e a Flora Produtos com o Rural. Kátia assinou o contrato pela Trapézio. A PF conclui, ainda, que Joesley foi o "responsável" pela decisão das operações financeiras realizadas pelo grupo econômico controlado pela J&F. O indiciamento pela PF foi encaminhado ao Ministério Público, que ainda não se posicionou.

Outras 15 pessoas entre diretores dos bancos Rural e Original supostamente envolvidos nas operações irregulares e administradores das empresas usadas para a triangulação também foram indiciados pela PF em 16 de janeiro deste ano. O inquérito tramitou em Porto Alegre (RS), sede do banco Original, e foi aberto a pedido do Ministério Público Federal de Minas Gerais, por sua vez acionado pelo Banco Central.

Entre os indiciados pela PF estão três executivos do Rural que também foram condenados na Ação Penal 470 (mensalão): a própria Kátia Rabello, com pena de 16 anos e 8 meses, e os ex-diretores Vinícius Samarani e José Roberto Salgado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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