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escândalo de corrupção

Polícia Federal prende operador da Lava Jato ligado ao PT e a José Dirceu

Milton Pascowitch também é apontado como operador das empresas Engevix, UTC e GDK, que mantêm contratos com a Petrobras

O delegado Igor Romário de Paula disse que a prisão de Pascowitch abre um novo leque de investigações na Lava Jato. | Antônio More/Gazeta do Povo
O delegado Igor Romário de Paula disse que a prisão de Pascowitch abre um novo leque de investigações na Lava Jato. (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (21) a 13.ª fase da Operação Lava Jato e prendeu, em São Paulo, o lobista Milton Pascowitch, acusado de ser mais um operador do esquema de corrupção na Petrobras. Pascowitch é suspeito de atuar como operador do esquema para o PT e também para as empresas Engevix, UTC e GDK – que mantinham contratos com a Petrobras.

Pascowitch também será investigado por pagar R$ 1,45 milhão para a JD Assessoria e Consultoria, empresa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, em 2012 – ano em que o perista era julgado pelo mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). A consultoria de Dirceu é suspeita de ser de fachada, ou seja, criada apenas para lavar dinheiro desviado da Petrobras. A Justiça Federal também decretou o bloqueio de R$ 78 milhões de Pascowitch e de outras pessoas investigadas nessa fase da Lava Jato.

INFOGRÁFICO: Confira como era a atuação de Pascowitch

De acordo com a força tarefa da Lava Jato, o presidente da Engevix, Gerson Almada, afirmou em depoimento que Pascowitch recebia valores a título de “lobby” da Engevix para obter contratos com a Diretoria de Serviços da Petrobras. Segundo Almada, “o serviço de Milton [Pascowitch] proporcionaria à Engevix ser convidada para obras de seu interesse junto à Petrobras, a obtenção de informações e a agilização de aditivos”. Para isso, ele receberia cerca de 1% do valor total dos contratos firmados entre a empreiteira e a estatal.

Para dar aparência de legalidade aos pagamentos recebidos por Pascowitch, a Engevix firmou diversos contratos de consultoria técnica com a empresa Jamp Engenheiros Associados, que pertence ao operador. Segundo o despacho do juiz federal Sérgio Moro que decretou a prisão preventiva de Pascowitch, “os contratos seriam total ou parcialmente falsos”. Ainda segundo Moro, durante busca realizada na Jamp, “não foi encontrado qualquer comprovante de prestação de serviços técnicos pela referida empresa”.

Por meio da quebra dos sigilos bancários de empresas envolvidas no esquema, a força tarefa identificou o pagamento de R$ 78 milhões da Engevix para a Jamp, entre 2004 e 2014. Outras empresas com negócios com a Petrobras também realizaram pagamentos à empresa do operador. É o caso da UTC (R$ 2,6 milhões) e da GDK (R$ 281 mil). A GDK ganhou notoriedade no escândalo do mensalão por doar um Land Rover ao ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira .

A Jamp, de Pascowitch, também realizou a transferência de R$ 800 mil à empresa D3TM, que pertence ao ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque, e de R$ 1,4 milhão à JD Consultoria, do ex-ministro José Dirceu. Outros pagamentos foram identificados através das offshores de Pascowitch MPJ International e Farallon Investing, que repassaram, respectivamente, US$ 260 mil e US$ 250 mil para as empresas Aquarius e Natiras, controladas pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco no exterior. Barusco assinou acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato.

O presidente da Engevix também disse que Pascowitch seria o responsável por filtrar os pedidos de doação de campanha feitos à empreiteira Engevix por candidatos petistas. “No caso de pleitos oriundos do PT [para financiamento de campanhas], a situação era encaminhada à pessoa de Milton Pascowitch, a quem competia examinar se tal candidato deveria ou não receber algum auxílio financeiro”, disse Gerson Almada, presidente da Engevix.

Outro lado

A assessoria do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu afirmou que os pagamentos feitos por Pascowitch à empresa de consultoria do petista corresponderam a serviços efetivamente prestados. O advogado de Milton Pascowitch, Theodomiro Dias Neto, disse que Pascowitch sempre esteve à disposição da Justiça para colaborar com as investigações e a prisão dele é desnecessária.

Em nota, a assessoria do ex-ministro José Dirceu afirmou que a empresa de consultoria dele assinou um contrato com a firma de Pascowitch para prospecção de negócios para a empreiteira Engevix no exterior, principalmente no Peru. Segundo a assessoria, “durante a vigência do contrato, o ex-ministro José Dirceu chegou a viajar a Lima para tratar de interesses da Engevix”.

A assessoria de imprensa do PT afirmou que o partido não vai se manifestar sobre o assunto. Não foi possível localizar nenhum representante da empresa Estaleiro Rio Grande para comentar o assunto.

As assessorias da Engevix e da SeteBrasil não retornaram aos pedidos de esclarecimentos. A defesa da UTC informou que desconhece as informações e não irá se manifestar. A GDK não retornou à reportagem.

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