
A Polícia Civil de São Paulo prendeu 2.532 pessoas das 6h às 17h desta quinta-feira (14) durante a Operação Strike, que ocorreu em todo o estado. Os dados finais da operação foram divulgados pelo delegado-geral da Polícia Civil, Mário Jordão Toledo Leme.
Ele afirmou acreditar que pelo menos 1.400 dessas pessoas ficarão detidas no sistema prisional - foram feitos 547 termos circunstanciados, considerados crimes de menor potencial ofensivo, e essas pessoas devem ser liberadas ainda nesta quinta-feira.
Do total, 1.105 são foragidos da Justiça e 160, menores de idade, que serão encaminhados para a Fundação Casa. Dos presos em flagrante, alguns podem não ficar detidos caso seja determinada uma fiança. "O que precisa ficar claro é que a polícia e a Justiça cumprem o que a lei do país determina", disse Toledo Leme.
Na operação, a polícia também apreendeu 2.967 máquinas caça-níqueis e 106 kg de drogas, além de 180 armas. Onze bingos foram fechados.
A polícia paulista prendeu um soldado do Corpo de Bombeiros, um cabo do grupo aéreo da Polícia Militar e um vigilante de banco envolvidos em crimes. Vítimas de roubo de combustível e equipamentos para postos de gasolina apontaram um sargento do Corpo de Bombeiros como um dos autores.
O delegado-geral acredita que os presídios do estado estão prontos para receber todos os presos da Operação Strike. "O sistema penitenciário de São Paulo está realmente com uma sobrecarga, mas está plenamente em condições de receber todos os presos, assim como nossas cadeias públicas", afirmou.
O secretário de Segurança Pública de SP, Ronaldo Marzagão, que foi até a sede da Delegacia Geral para acompanhar o fechamento da operação e parabenizar os policiais pelo trabalho, destacou que não foi preciso o uso de violência para se efetuar as prisões. "Tudo isso sem um só tiro. Não houve um tiro sequer, dentro daquela idéia de substituir a força pela inteligência", afirmou.
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse que ações como a Operação Strike se tornarão freqüentes no estado. "Nós vamos fazer periodicamente uma grande ofensiva em várias áreas problemáticas." A afirmação foi feita durante a São Paulo Fashion Week, onde assistiu ao desfile do estilista Marcelo Sommer na noite desta quinta-feira.
Cinema
Dois telões pendurados na parede da sala de situação da Polícia Civil, no Centro de São Paulo, informam por meio de teleconferência cada passo da Operação Strike.
Cerca de 20 delegados da cúpula da Polícia Civil paulista trabalham em frente a notebooks enquanto se comunicam com delegacias de todo o estado por meio de rádios de alta fidelidade.
O ambiente lembra centrais de inteligência de filmes policiais. O delegado geral da Polícia Civil, Mário Jordão Toledo Leme, afirma, eufórico, que a Polícia Civil cumpriu mais de 700 mandados de busca e apreensão.
A Operação Strike já realizou a prisão de uma quadrilha de dez a 12 detetives particulares que faziam grampo ilegal, sem autorização da Justiça. "Eles tinham um giga esquema de grampeamento e de quebra de sigilo telefônico em todo o estado de São Paulo", disse Toledo Leme.
Os policiais também chegaram a três supostos envolvidos no assalto ao Banco Itaú da Avenida Ibirapuera, em Moema, Zona Sul de São Paulo, no qual a adolescente Priscila Aprígio, de 13 anos, foi baleada e perdeu os movimentos das pernas. "Estávamos há um mês atrás deles. Ontem (quarta-feira) à noite, conseguimos as pistas."
Até as 10h, a Polícia Civil havia prendido 445 adultos, enviado 60 menores infratores à Fundação Casa e capturado 531 foragidos. A operação resultou ainda no fechamento de 39 estabelecimentos comerciais, na apreensão de 269 veículos, 70 armas e mais de 100 kg de entorpecentes. Cerca de 850 máquinas caça-níqueis também foram apreendidas e e sete bingos foram fechados.
"Nós começamos esta operação em 25 de abril. Focamos algumas quadrilhas especializadas nas mais diversas áreas: roubo de carga, assalto, roubo a a banco, roubo de veículos, tráfico de entorpecentes e até esse grande grupo de detetives que grampeam pessoas. É uma operação diferenciada, de inteligência, que propõe ações para desbaratar o crime organizado", diz Toledo Leme.
O delegado-geral lembra que a Polícia Civil paulista realizou uma outra grande operação em conjunto com as polícias de outros estados no dia 23, mas acrescenta que esse tipo de iniciativa tornou-se política de governo em São Paulo. "O governo de São Paulo tem indicado este caminho. O combate ao crime de forma veemente. Estamos fazendo essa e deveremos fazer outras do mesmo porte", afirma o delegado.
Toledo Leme explica que a Operação Strike é fruto de um trabalho integrado entre todas as forças da polícia judiciária. "Nós fomos fazendo investigações e preparando. De 15 a 20 dias para cá, fomos concluindo e requerendo de todos os juízes de São Paulo." Para o delegado, "a vantagem de forças-tarefa como essa é a motivação dos policiais".
"A corporação que se une, se motiva. Fazemos uma grande operação de inteligência. Todo mundo se envolve, se motiva. Em abril, a população veio abraçar os policiais."
A Strike tem como foco o crime organizado, de acordo com o delegado: "A operação é para combater grupos organizados, que começam com três, quatro pessoas, e vão para dez, 20. Mas com certeza, muitos desses grupos podem ter vinculação com outras organizações".
Logística
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, 18.217 policiais civis, cerca de 800 peritos criminais do Instituto de Criminalística (IC), e policiais militares participaram da operação.
Lojas de peças de carros, hotéis, bares, restaurantes, aeroportos e regiões portuárias foram vistoriados. A Operação Strike também iria tentar libertar vítimas de cativeiros.
A polícia também fez bloqueios em pontos considerados estratégicos, determinados após uma pesquisa no Sistema de Informações Criminais (Infocrim). As áreas de fronteira do estado também foram monitoradas durante a operação.



