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A Polícia Civil prendeu na noite de sexta-feira o ex-interno da Febem suspeito de extorquir o padre Júlio Lancelotti. Anderson Marcos Batista estava foragido desde o mês passado quando foi denunciado pelo padre. Anderson foi detido junto com a mulher dele, Conceição Eletério, e um outro suspeito de envolvimento com o caso, Evandro Guimarães. Os três prestaram depoimento durante a madrugada. Eles foram presos em um apartamento na Rua Riachuelo, no centro de São Paulo. Os três foram levados para o 31º DP, na zona leste da capital. A polícia chegou ao trio com base em informações fornecidas durante o depoimento de uma testemunha na tarde de sexta-feira.

Nelson Bernardo da Costa, advogado de Anderson, negou a chantagem e disse que o seu cliente tinha um relacionamento sexual com o padre.

- Nunca houve chantagem, nunca houve extorsão. Ele tinha uma amizade com o padre que se tornou um relacionamento sexual. Ele (Anderson) disse que teve dinheiro repassado durante seis ou sete anos e que totalizaram cerca de R$ 600 mil a R$ 700 mil. Com esse dinheiro, ele comprou carros, vários carros de luxo, uma casa, vários bens. Gastava, saía na noite - disse Costa.

O padre Júlio está em São Paulo, mas, por enquanto, não vai se pronunciar. O advogado do religioso, Luiz Eduardo Greenhalgh, assumiu a defesa de Júlio Lancelotti. Ele reafirmou que o padre foi vítima de um processo de extorsão. Lancelotti é conhecido por ser um dos principais defensores dos direitos de jovens infratores e moradores de rua de São Paulo.

- Foi o padre Júlio que denunciou à polícia o processo de extorsão. Foi o padre Júlio que disse à polícia porque estava sendo extorquido. Portanto, ele é vítima. As declarações do advogado representam um cliente que é violento. É um cliente que tem mais de dez inquéritos, cinco sobre extorsões. Disse também que está envolvido na morte do seu próprio filho. Então, nós temos que sopesar se nós vamos dar guarida à palavra de um bandido ou se vamos dar guarida à palavra do padre Júlio. Eu quero que se estabeleça a presunção de inocência do padre porque foi ele que denunciou a armação contra ele - disse Greenhalgh.

Anderson teria conhecido o padre na Febem, onde foi internado por roubo. Ao sair da instituição, em 2000, ele teria começado a pedir ajuda ao religioso e mais tarde passado a exigir mais dinheiro. Foi o próprio padre que procurou a polícia para denunciar o crime. Júlio Lancelotti teria chegado a pagar cerca de R$ 80 mil para o grupo nos últimos três anos, incluindo R$ 20 mil em prestações de um jipe Pajero comprado em 2004. Após o padre levar o caso à polícia, o faxineiro Everson Guimarães, de 26 anos (irmão de Evandro), foi preso em flagrante no dia 6 de setembro, logo depois de pegar, com Lancelotti, um envelope com R$ 2 mil a mando de Anderson.

A mesma testemunha que ajudou a polícia a localizar os foragidos, um morador do bairro onde Anderson vivia com sua mulher, disse no depoimento de sexta-feira que, além dos irmãos Everson e Evandro, pelo menos outras quatro pessoas funcionavam como mensageiros do ex-interno da Febem para supostamente extorquir o padre. A mesma testemunha revelou que Anderson teve uma ascensão financeira "meteórica" e disse que o padre tinha ciúme do ex-interno. O vizinho dos acusados citou nomes de outras pessoas que entregavam envelopes brancos com altas quantias de dinheiro.

- Tinha um tal de Messias, a Glória, acho que outro era Marcos e, a empregada do Anderson, uma tal de Sandra, também - revelou a testemunha, de 42 anos.

A polícia vai tentar identificar as pessoas.

O vizinho conheceu Anderson há sete anos.

- Foi quando saiu da Febem. Depois de uns seis meses, chegou a Conceição. Eram humildes - disse.

A testemunha revelou que, um ano depois, Anderson começou a circular com carros de luxo, roupas de marca e a pagar gastos de amigos em bares.

- Na mesma época em que começou a freqüentar a igreja do padre Júlio - afirmou.

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