
Sem avançar nas discussões sobre a reforma ministerial, a presidente Dilma Rousseff prometeu ontem apoiar candidatos do PMDB em seis estados onde o PT também pretende lançar nomes na disputa, em uma tentativa de conter a crise com seu principal aliado. Como um dos motivos do racha entre os dois partidos são as alianças regionais, Dilma espera que o gesto reduza o clima de tensão que marca a relação entre PT e PMDB. O PT faria concessões em estados como Maranhão, Paraíba, Rondônia, Tocantins, atendendo à demanda de líderes do partido, entre eles os senadores José Sarney (AP) e Vital do Rego (PB).
Na próxima quinta-feira, o presidente do PT, Rui Falcão, terá uma reunião com a cúpula do PMDB para discutir as alianças regionais. O encontro foi intermediado pelo ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), escalado por Dilma para tentar debelar a crise peemedebista.
A expectativa do presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), é que as duas siglas estejam coligadas em cerca de 12 estados. Nos demais, onde não houver chance de chapa única, os dois partidos vão estabelecer procedimentos que viabilizem as duas candidaturas.
No encontro com a cúpula do PMDB ontem pela manhã, Dilma e o ministro Aloizio Mercadante ouviram o vice-presidente, Michel Temer, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), além do líder do partido no Senado, Eunício Oliveira (CE), e de Raupp. Não houve consenso sobre o espaço do PMDB no primeiro escalão.
Dilma mantém a disposição em oferecer uma pasta a senadores peemedebistas, sem atender o pedido de deputados do PMDB para permanecerem com dois ministérios. A bancada do partido na Câmara já avisou publicamente que vai entregar as duas pastas se perder espaço no primeiro escalão gesto que deu início à atual crise.
A ideia do Palácio do Planalto é manter o isolamento do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ) porta-voz dos insatisfeitos e tentar esvaziar a ameaça de rebelião. Cunha não foi chamado ao encontro da cúpula peemedebista com Dilma. O líder trocou farpas públicas com o presidente do PT, Rui Falcão, e defende que o PMDB "repense" a aliança nacional com os petistas em torno da reeleição de Dilma.
Após o encontro com a presidente, os peemedebistas evitaram dar declarações públicas para não ampliar a crise especialmente após a disposição da presidente de não ceder aos apelos do PMDB da Câmara. O presidente da sigla, Valdir Raupp (RO), disse que trabalha para acabar com as divergências entre PT e PMDB. "O que não podemos é dinamitar pontes. Vamos reconstruí-las para permitir a travessia. A aliança nacional está salva, a princípio", afirmou.
Líder minimiza isolamento imposto pela presidente
Agência Estado
O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), minimizou ontem a estratégia de isolamento imposta pelo Palácio do Planalto. Pela manhã, a presidente Dilma Rousseff voltou a se reunir com líderes do partido para discutir a crise instalada na Câmara, mas só o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (RN), foi convidado a participar do encontro.
Segundo o peemedebista, não havia "clima" para uma reunião com a presidente. "Você acha que tinha clima hoje para uma reunião? Que reunião seria essa? Talvez se fosse chamado eu não fosse", afirmou Cunha. O deputado disse que é preciso esfriar os ânimos para retomar o diálogo. "Primeiro tem de baixar a bola."
Ao reclamar da tentativa de "demonizar" sua figura, Cunha voltou a dizer que, ao isolar o líder do PMDB na Câmara, o governo acaba isolando a bancada inteira. "Erra quem acha que pode me isolar. Eu represento aquilo que a bancada pensa em sua maioria", enfatizou. O deputado negou que tenha uma atuação deliberada pregando o rompimento da aliança e ressaltou que, como líder, não tem uma posição pessoal de embate com o governo. "Não estou levando ninguém à guerra", disse. "Não somos obrigados a nos gostar, mas a nos respeitar", disse. Ele voltou a dizer que os deputados do PMDB votarão contra o projeto do Marco Civil da Internet e a favor da criação da comissão externa para acompanhar as investigações de suposto pagamento de propina no exterior envolvendo funcionários da Petrobras.



