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crise no planalto

Por vias tortas, Congresso e Temer unem o país contra a corrupção

Omissão do presidente em condenar a anistia ao caixa 2 e hesitação em demitir o ministro Geddel levam movimentos que estiveram em lados opostos na batalha do impeachment a defenderem uma mesma causa

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Michel Temer (PMDB) assumiu a Presidência da República em maio com o discurso de que iria unir um país dividido. Seis meses depois, e com o auxílio do Congresso, ele começou a cumprir a promessa, mas por vias tortas. A hesitação de uma semana em demitir o enroladíssimo ministro Geddel Vieira Lima e a omissão em condenar publicamente as manobras parlamentares para anistiar o caixa 2 eleitoral teve um efeito impensável até há pouco tempo. Movimentos da sociedade civil e parte dos políticos que estiveram em lados opostos na batalha do impeachment se uniram em pelo menos um ponto nos últimos dias: nas críticas à insensibilidade de Brasília em combater a corrupção.

Análise: União efetiva entre movimentos não é viável

Talvez o exemplo mais simbólico seja a reação idêntica de dois inimigos declarados na política – os deputados Jean Wyllys (PSol-RJ) e Jair Bolsonaro (PSC-RJ) – contra a articulação do Congresso para anistiar políticos que fizeram caixa 2. Com uma diferença de apenas 12 minutos, eles compartilharam no Twitter, na quinta-feira (25), o apoio à campanha on-line #AnistiaCaixa2NAO.

O fenômeno que levou à improvável união de Bolsonaro e Wyllys se espalhou nas redes sociais nos últimos dias. Cidadãos com visões distintas sobre o impeachment parecem ter se esquecido, ao menos nesse caso específico, de suas diferenças. Críticos da atuação de Sergio Moro na Lava Jato, por exemplo, divulgaram nas redes sociais a carta em que o juiz se posiciona contra a anistia.

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que esteve na linha de frente da defesa da ex-presidente Dilma Rousseff, marcou uma manifestação para este domingo (27), em São Paulo, com o slogan “Ladrão que perdoa ladrão ganha manifestação”. A passeata criticará a tentativa de anistia e também vai pedir “Fora, Temer” e a derrubada da PEC do Teto dos Gastos. Num post do Facebook na última quarta-feira (23), o MTST ainda provocou o “outro lado”: “Onde estão os batedores de panela?”, numa alusão aos defensores da cassação da petista.

E os batedores de panela apareceram. Embora divirjam do MTST em quase tudo, movimentos que pediram a saída de Dilma também vão às ruas contra a “corrupção no Congresso”. As passeatas estão agendadas para o outro domingo, dia 4. O Vem Pra Rua, numa publicação no Facebook, inclusive defendeu a união de todos pelo bem do país: “PMDB, PSDB, PT, DEM, PQP e todos outros partidos querem aprovar uma anistia para os crimes que cometeram. Serão os bandidos se autoabsolvendo. Será o fim da Lava Jato! Não importa se você é de direita, de esquerda ou de centro. Não haverá mais Brasil se aprovarem esta porcaria”.

Ministro fora

Outro ponto que uniu movimentos da sociedade civil de esquerda e de direita foi o caso de Geddel. O Vem Pra Rua usou a internet para pressionar Temer e comemorou quando o ministro pediu exoneração na sexta-feira (25). O Movimento Brasil Livre (MBL), que também capitaneou as passeatas pró-impeachment, foi menos incisivo nas redes sociais em cobrar a demissão. Mas compartilhou posts cujo teor era esse. O MTST igualmente usou o Facebook para criticar o ministro.

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