
Apenas cinco portais da transparência de governos estaduais, que reúnem informações sobre o uso do dinheiro público, recebem nota acima de 7 quando são avaliados pelo conteúdo e pela usabilidade que oferecem ao cidadão. Já entre todas as prefeituras do país, apenas três possuem sites que ficam acima da nota. A avaliação, feita pela associação Contas Abertas, colocou os portais do Espírito Santo, Pernambuco, São Paulo, Santa Catarina e Piauí como os melhores entre os estados. Entre as prefeituras, os aprovados por média foram os portais de Recife (PE), Vitória (ES) e São Paulo (SP).
INFOGRÁFICO: Veja a colocação do Paraná e de Curitiba no Índice de Transparência
Na outra ponta, dez estados e 15 capitais receberam nota inferior a 5. Para Gil Castello Branco, secretário-geral da Contas Abertas, esses portais exigem atenção dos gestores. "Um portal com menos de 5 não cumpre sua finalidade. Fotos de autoridades e telefone dos bombeiros não são o bastante. O cidadão deve saber o que está sendo comprado, de quem, qual o valor da compra e qual o valor unitário."
O site da prefeitura de Curitiba foi bem avaliado, com 6,74 pontos de média, e ficou em quarto lugar entre as capitais. Já o portal do governo do Paraná, com 5,84 pontos, ficou em 15º entre os estados.
O portal do governo paranaense havia perdido posições no levantamento de 2012, quando ficou em 14º lugar (em 2010, era o quarto melhor). Desta vez, não é possível fazer uma comparação, pois o levantamento da Contas Abertas deu mais peso para a "usabilidade", que mede a facilidade com que o internauta acessa os dados. O ranking das prefeituras foi feito pela primeira vez neste ano.
O fato de o portal de Curitiba ter uma pontuação superior à do portal estadual coloca a situação paranaense na contramão da tendência nacional: a maioria das páginas dos governos é mais bem avaliada do que os sites municipais. "A transparência está sendo permeada da União para os estados e municípios", diz Castello Branco.
Análise
O secretário-geral explica que muitos portais têm um ótimo conteúdo, mas escorregam na usabilidade. "O cidadão muita vezes até desiste da pesquisa", afirma. "Contratamos quatro jornalistas para fazer esse trabalho e muitas vezes eles tiveram que ligar para o governo ou prefeitura para perguntar onde estavam os dados."
O sociólogo Cristiano Ferri, diretor do Laboratório Hacker da Câmara dos Deputados, observa que as médias mais baixas se referem à usabilidade. "Isso reflete uma falta de diálogo do governo com o cidadão, pois ele [governo] monta o portal do jeito que quer", afirma. "Ainda temos condições muito básicas de transparência e uma melhora depende de evolução política, burocrática, mas, principalmente, de uma sociedade mais organizada."
Critérios
A pesquisa leva em conta três critérios: conteúdo dos portais, número de atualizações/série histórica e usabilidade. A usabilidade ganhou um peso maior neste ano. A avaliação levou em conta quantas páginas o usuário precisa acessar antes de encontrar a informação pesquisada.





