
Desde o aval da Câmara dos Deputados a favor do prosseguimento do pedido de impeachment da presidente da República Dilma Rousseff, siglas partidárias já começaram a se reposicionar no xadrez político, de olho nas eleições gerais de 2018. Mas, até aqui, a construção do quadro de candidatos para a próxima disputa eleitoral está entrelaçada em duas incógnitas: se o PMDB terá força para manter a ideia de candidatura própria na esteira de um eventual governo Temer – o próprio vice-presidente da República Michel Temer agora defende o fim da reeleição para atrair de imediato o PSDB e, portanto, não poderia ser um nome de cabeça de chapa; e se o PT ainda consegue se viabilizar com a candidatura do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
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“O último candidato do PMDB à presidência da República foi Orestes Quércia [ex-governador de São Paulo, falecido em 2010], em 1994, e ele perdeu feio. Como o Temer está sinalizando que não vai à reeleição, não sei se o PMDB tem algum outro nome hoje para disputar”, pontua o cientista política da Universidade de Brasília (UnB) David Fleisher. Ao mesmo tempo, o professor observa que não haveria facilidade na aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para acabar com a reeleição.
“Seria impedir a reeleição também de governadores, de prefeitos, e aí há uma resistência grande”, alerta ele, indicando que a cartada final de Temer para atrair o PSDB à sua possível gestão pode não se concretizar.
Em relação ao PT, o professor afirma que, se o ex-presidente Lula se tornar inelegível até 2018, na sequência de eventuais desdobramentos da Lava Jato, o partido também pode ter dificuldade para definir um nome. Outros fatores complicam o futuro da sigla, ainda segundo Fleisher.
“Eu acho que o PT vai sentir um encolhimento já nas eleições de 2016. Não vai conseguir eleger prefeito e vereador no mesmo número de 2012. E se, concluído o impeachment, os fichas limpas do partido resolverem mesmo sair do PT para fundar outra legenda, aí ele encolhe ainda mais”, acredita o cientista político.
Alianças
No Congresso Nacional, diante de um processo de impeachment em curso, o PT tem se reaproximado dos partidos de esquerda, como os nanicos PCdoB e Psol. As duas siglas, junto com a maior parte do PDT, têm atuado com os petistas na linha de frente contra o afastamento da presidente Dilma. Hoje o grupo ensaia para assumir uma oposição radical ao virtual governo Temer, mas pode se dividir às vésperas de 2018.
Enquanto o Psol deve marcar presença nas urnas, em especial para atrair votos às suas candidaturas para deputado federal, o PDT caminha para viabilizar a candidatura de Ciro Gomes.



