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Fundo de Participação dos Municípios

PR perde R$ 35 mi com queda de repasses

Pelo menos 70% das 399 prefeituras paranaenses irão fechar hoje as portas para protestar

Posto de saúde de Piraí do Sul que não pode ser reformado por causa da queda no repasse do FPM | Toninho Anhaia
Posto de saúde de Piraí do Sul que não pode ser reformado por causa da queda no repasse do FPM (Foto: Toninho Anhaia)

Prefeituras paranaenses já perderam cerca de R$ 35 milhões em arrecadação somente nos dois primeiros meses do ano com a queda no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), feito pelo governo federal. Conforme cálculos da Associação dos Municípios do Paraná (AMP), há prefeituras com perda de até 20% na receita. Hoje pelo menos 70% das 399 cidades paranaenses irão fechar as portas para protestar. Os maiores municípios do Paraná anunciaram que não irão aderir ao movimento.

O prefeito de Castro e presidente da AMP, Moacyr Elias Fadel Júnior (PMDB), diz que as prefeituras reivindicam do governo federal uma compensação financeira no valor das perdas acumuladas até agora, ou seja, cerca de R$ 35 milhões. A pretensão dos municípios é a de equilibrar as contas pelo menos nos meses de junho, julho e agosto, período no qual a arrecadação tende a ser menor. "O que está perdido, está perdido. Queremos compensação para os meses de junho, julho e agosto porque a arrecadação piora", diz Fadel Júnior.

Segundo Fadel, a queda no repasse do FPM deve-se à redução, pelo governo federal, no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e à ampliação das alíquotas do Imposto de Renda (IR), que desonerou o contribuinte. O IPI e o IR são as principais bases do fundo. Os prefeitos consideram a compensação financeira necessária mesmo que o governo suspenda o desconto no IPI porque não há como recuperar o prejuízo acumulado nos meses anteriores. Conforme cálculos da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), no Paraná o FPM caiu 11% em fevereiro, em relação ao mês de janeiro, ou seja, passou de R$ 316 milhões para R$ 281 milhões.

A situação é preocupante em pelo menos 70% das prefeituras do estado que têm o FPM como principal fonte de arrecadação. Há municípios paralisando obras e reduzindo cargos de comissão.

No município de Piraí do Sul, nos Campos Gerais, o repasse do FPM em fevereiro foi 11% menor em relação a janeiro. Para março, a previsão é que o porcentual de redução chegue a 30%. "Qualquer munícipe do país reclama na prefeitura e não no governo federal. E nós estamos sendo penalizados de graça", diz o prefeito Antonio El Achkar (PTB).

Em razão das perdas, o prefeito foi obrigado a reduzir de seis para dois o número de médicos que precisam ser contratados e paralisou o projeto de reforma do posto de saúde, que já havia sido recomendada pela Vigilância Sanitária. A situação é precária, mesmo com uma economia de R$ 60 mil feita em combustível, desde o início do ano.

Não são apenas os municípios paranaenses que sentem o efeito da queda no FPM. Segundo a CNM em março a queda do FPM chegou a 14,5%. Entre o fim de dezembro e o dia 20 de março, a redução dos repasses foi de 12,57%, se comparados ao mesmo período de 2008.

Curitiba, Londrina, Ponta Grossa, Maringá, Foz do Iguaçu, Cascavel, Toledo e outros municípios de médio porte não irão participar do movimento da AMP hoje. Os prefeitos desses municípios se dizem solidários ao movimento, mas alegam o fechamento causará transtornos à população. Em Londrina, a prefeitura funcionará normalmente, mas o prefeito interino Padre Roque Neto fará pronunciamentos públicos em favor do movimento.

Reivindicação

Representantes da AMP programaram entregar à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, um documento sugerindo compensações para as perdas acumuladas nos últimos meses. Os dois participam amanhã, em Foz do Iguaçu, do seminário "Crise – Desafios e Soluções para a América do Sul", promovido pelo governo do Paraná.

Em sua palestra, a ministra abordará as medidas que o governo federal está adotando para enfrentar a crise econômica. O encontro será aberto hoje às 15 horas pelo governador Roberto Requião e segue até sexta-feira.

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