Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Eleição 2010

Pré-candidato, Requião defende salário melhor

Governador abre dissidência no PMDB. Lideranças da legenda boicotaram o lançamento do paranaense à Presidência

Requião, ao lado do senador Pedro Simon, lançou sua pré-candidatura à sucessão de Lula na sala da Comissão de Constituição e Justiça do Senado | Marcos Brandão/Gazeta do Povo
Requião, ao lado do senador Pedro Simon, lançou sua pré-candidatura à sucessão de Lula na sala da Comissão de Constituição e Justiça do Senado (Foto: Marcos Brandão/Gazeta do Povo)

Brasília - Nas primeiras declarações oficiais como pré-candidato a presidente da República, o governador Roberto Requião (PMDB) fez ontem uma lista de quatro propostas para melhorar o país em curto prazo. Ele defendeu o aumento dos salários, a diminuição dos impostos, a desvalorização do real (para estimular as exportações) e a criação de uma moeda única para os países do Mer­­­cosul. Os temas econômicos também foram usados pelo peemedebista para diferenciá-lo dos dois principais candidatos ao Palácio do Planalto em 2010 – a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

Requião participou de uma entrevista coletiva na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. O evento, convocado para ser o marco inicial de um movimento nacional a favor do governador, foi marcada pelo boicote das principais lideranças da legenda em Brasília. Nenhum dos peemedebistas que participaram do pré-acordo com o PT, em outubro, esteve no evento.

Dos sete deputados federais do PMDB paranaense, apenas três estiveram na cerimônia – André Zacharow, Marcelo Almeida e Rodrigo Rocha Loures. Além disso, a presidente nacional do partido, deputada Íris de Araújo (GO), não recebeu a moção de apoio à pré-candidatura do governador. O esvaziamento não frustrou Requião, que começa a visitar os estados no próximo fim de semana, quando viaja para Mato Grosso do Sul e Tocantins.

Confira abai­­xo algumas declarações de Requião durante a entrevista coletiva:

PMDB pró-PT

"O PMDB muito forte é o PMDB da base política, é o PMDB que elege os nossos candidatos. É o partido que mobiliza o povo e que existe capilarmente em praticamente todos os municípios do Brasil. Agora, nós temos um vício, que não é só do PMDB, é da política brasileira: o partido congressual. Ele se suporta nas emendas parlamentares (ao orçamento), no desejo desesperado de reeleição dos candidatos. (...) Na verdade, se essa coligação pretendida pela nossa direção parlamentar se viabilizar, a coligação terá sido feita por conta do horário partidário, mas não levará à empolgação do nosso partido."

Divergência

"O único partido que não admitia divergência era o nazista comandado pelo Hitler na Alemanha. As tendências partidárias são absolutamente legítimas. (...) Em função disso, nós estamos discutindo um programa e a candidatura própria. Eu, por exemplo, já deixei claro que se o PMDB– com um programa que contemplasse a valorização da nação, do capital produtivo, do trabalho – não conseguisse acreditar no lançamento de uma candidatura, tenderia para a ministra Dilma."

Dilma e Serra

"Eu não acho que a ministra Dilma não tenha experiência administrativa. Ela tem. O Serra sem dúvida tem também. O problema é programático. Nós não estamos procurando um feitor da República, mas uma pessoa que tenha pensado um programa e que se assessore convenientemente para implantá-lo. E essa assessoria que torne o programa crível depende do tipo de coligação que se faça. Eu não faço nenhuma crítica à ministra Dilma. Eu simplesmente estou aqui cobrando do PMDB espaço para o reencontro da nossa identidade. A Dilma é minha amiga pessoal, assim como o Serra também é."

Diferenciação

"A minha diferença é que sou contra a predominância do capital financeiro que acompanha as políticas sociais e a valorização do capital ‘vadio’ em contraposição ao capital produtivo e ao trabalho. O neoliberalismo pretende hoje de uma forma recorrente, persistente e insistente, transformar o Brasil em um país que participa da economia global como uma China com menos habitantes, vendendo a precarização do trabalho e commodities."

Propostas

"Em um prazo curtíssimo, se o PMDB estivesse na Presidência da República, eu proporia o seguinte: aumento de salário. Os Estados Unidos quebraram porque congelaram o salário e privilegiaram a ganância e o lucro das empresas e num determinado momento eles não conseguiam mais saldar os empréstimos. (...) Por isso o salário é muito importante. Redução de impostos também é importantíssimo. Também é importante conter a valorização do dólar, que controla a inflação, mas sabota a economia brasileira. A criação de uma moeda sul-americana, valorizando essa ideia de Mercosul e ampliando as possibilidades de parceria entre os países. Nós também precisamos de um programa agrícola, de um programa industrial."

Declarações polêmicas

"As únicas ferramentas que eu tenho são a língua, a franqueza e a sinceridade na forma de fazer política. Não podemos fazer política com essa cautela que alguém já chamou de covardia, tentando a unanimidade. Eu tinha um professor de Direito no Paraná, chamado Laertes Munhoz, que me dizia: ‘Roberto, meu filho, nunca ceda, nunca conceda. Porque a consciência também caleja. Você cede aqui e mais para frente você se perde, não tem mais ideia do que é certo e do que é errado’."

Pesquisas

"Nós não estamos trabalhando com pesquisa. (...) Pesquisa agora é uma tolice. Nós estamos aqui hoje como uma espécie de exército de Brancaleone, colocando para o partido intenções legítimas de lançar a discussão política. (...) Não há avaliação possível sobre os candidatos. Eles têm o efeito residual de suas participações em campanhas anteriores. Todo mundo sabe disso, o Serra, a Dilma. Se a eleição hoje fosse plebiscitária, entre Fernando Henrique ‘Lugo’ Cardoso e Lula, certamente o Lula ganharia a eleição." (Requião fazia referência ao fato de FHC ter reconhecido recentemente um filho fora do casamento, assim como o presidente do Paraguai, Fernando Lugo)

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.