O prefeito de Cascavel, Edgar Bueno (PDT), anunciou ontem que suspendeu o pagamento de R$ 842,1 mil à empresa Giro Indústria e Comércio Ltda, vencedora da licitação para fornecer uniformes escolares para os cerca de 24 mil alunos da rede municipal de ensino. A decisão foi tomada após denúncia de suposto superfaturamento feita pelo vereador Julio Cesar Leme da Silva (PMDB).
Na quinta-feira, o vereador convocou uma entrevista coletiva para anunciar o resultado de uma investigação feita por ele sobre a aquisição dos tênis um dos itens que compõem os kits do uniforme escolar. Os valores, segundo Silva, estariam acima dos preços praticados no mercado. Cada par de tênis custaria aos cofres públicos R$ 47. A mesma empresa venceu licitações em Arapoti (PR) e Bragança Paulista (SP) por R$ 13 e R$ 28,76, respectivamente.
O vereador sugeriu que a licitação foi dirigida para beneficiar a empresa vencedora e que isso traria um rombo aos cofres públicos. "O processo licitatório, desde seu início, apresenta várias irregularidades. Duas empresas de Curitiba que participaram pertencem a dois irmãos e a vencedora participa de licitações em parceria com a terceira, de São Paulo", afirmou.
O prefeito, que até então se referia às denúncias como "caso político", afirmou ontem que os pagamentos à fornecedora estão cancelados. "Não se paga mais nada a partir de agora", disse Edgar Bueno. Ele também disse que será aberto um processo administrativo para investigar o caso. "O município tem como se ressarcir de qualquer possível prejuízo que possa ter sofrido."
No total foram licitados 45 mil kits que seriam entregues no decorrer do ano. A prefeitura já recebeu 24,3 mil kits e pagou R$ 2,8 milhões à empresa, referentes a 18,8 mil kits.
O Ministério Público (MP) também vai investigar as denúncias. O vereador disse que vai levar o caso à Justiça Federal na próxima segunda-feira. A reportagem não conseguiu contato com a direção da empresa vencedora da licitação.



