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Uma lista com os nomes de 229 prefeitos paranaenses, divulgada ontem pelo PMDB, irritou os adversários do governador Roberto Requião nas eleições 2006. Esses administradores municipais – 57% do total – teriam assinado um manifesto em prol da reeleição. Como 87 deles não são do partido de Requião, o documento atiçou a ira dos concorrentes, que acusam os prefeitos de infidelidade partidária e o PMDB de usar a influência do governo para coagi-los.

O manifesto intitulado "Porque apoiamos Requião" diz que os prefeitos estão do lado do governador porque ele "tem palavra". "Disse que ia fazer um governo voltado para a nossa gente, especialmente para os mais pobres. E cumpriu", afirma o documento.

O presidente estadual do PMDB, deputado Dobrandino da Silva, declarou ontem que não houve pressão – como ameaça de corte de recursos – por parte do governo na busca de adesões nos municípios. "Os prefeitos reconhecem as ações requianistas em benefícios das cidades e da população", disse ele.

Para o candidato ao governo Rubens Bueno (PPS), muitos prefeitos assinaram o documento pressionados, mas na prática não apoiarão o governador. Dos 220 prefeitos listados no documento, 15 deveriam apoiar a coligação de Rubens – 13 são do PPS e 2 do PFL. "Fui procurado por prefeitos do PPS que assinaram o documento. Muitos me disseram que assinaram mediante coação."

Segundo ele, não haverá retaliação aos prefeitos por infidelidade partidária. "Examinaremos com calma cada assunto. E o que vale não é manifesto, mas sim, votos nas urnas", disse Rubens Bueno. Ele lembra que, em 1982, os ex-governador José Richa venceu a eleição com o apoio oficial de apenas um prefeito e, em 1994 Jaime Lerner tinha ao seu lado apenas seis administradores municipais. "Confio que a população dará mais uma lição e acabará com essa prostituição política. Não pode haver essa pressão de governo autoritário e prepotente, que violenta a prática política."

O senador Osmar Dias (PDT), candidato ao governo do estado disse que não perdoará as traições. "Entendo que muitos não podem se manifestar neste momento e espero o apoio, pacientemente. O que não pode é alguém tratar mal os prefeitos por três anos e meio e depois liberar recursos", disse ele.

Retaliação

Para o prefeito de Nova Olímpia e presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP), Luiz Sorvos (PDT), os "traidores" devem ser punidos. "Tem de haver coerência. Se estamos em um partido, é para apoiar o candidato dessa legenda", afirmou ele, que defende a expulsão do partido. "Muitos prefeitos estão tentando defender os interesses da população e preservar convênios, obras e investimentos feitos pelo estado."

O presidente do PSDB no Paraná, deputado estadual Valdir Rossoni, diz que os administradores municipais estão "neutralizados" pela pressão do governo. "Estão chamando prefeito por prefeito e causando constrangimento com o pedido para que gravem mensagens de apoio ao Requião", afirmou o tucano que, embora tenha o seu partido coligado com o PMDB, é contra a aliança e apóia Osmar Dias.

O presidente do PT no estado, deputado estadual André Vargas, usou de ironia para comentar a lista de prefeitos. "Parece o Parreira afirmando que seria fácil vencer a Copa do Mundo. É tudo para criar um clima de vamos ganhar no primeiro turno."

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