O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, perdeu ontem a compostura e chamou de "palhaço" um repórter do jornal O Estado de S. Paulo. Também mandou o jornalista "chafurdar no lixo". O ministro do STF irritou-se ao ser abordado, na saída da sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Vários repórteres esperavam Barbosa ao fim da sessão para ouvi-lo sobre as críticas que recebeu de associações de juízes por ter dado entrevista a jornais estrangeiros, na semana passada, afirmando que existe uma cultura pró-impunidade no Judiciário brasileiro.
Antes que a primeira pergunta fosse feita, Barbosa atacou. O repórter apenas iniciou o questionamento: "Presidente, como o senhor está vendo ". Barbosa o interrompeu e não deixou que terminasse a pergunta: "Não estou vendo nada". O repórter tentou fazer nova pergunta, mas novamente foi impedido. "Me deixa em paz, rapaz. Vá chafurdar no lixo como você faz sempre", prosseguiu o presidente do STF.
O jornalista tentou questionar a razão do comportamento do ministro. "Que é isso ministro, o que houve?". Ainda exaltado, Joaquim Barbosa prosseguiu. "Estou pedindo: me deixe em paz. Já disse várias vezes ao senhor." O repórter disse que apenas queria fazer uma pergunta, o que é parte de seu trabalho. No mesmo tom, Barbosa afirmou que não responderia às perguntas. "Eu não tenho nada a lhe dizer, não quero nem saber do que o senhor está tratando", afirmou.
O assessor de imprensa do ministro tentou tirá-lo do lugar, pedindo para que Barbosa seguisse em frente. E quando estava à porta do elevador, na frente dos jornalistas, o presidente do STF chamou o repórter de "palhaço".
Repúdio
O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal divulgou nota de repúdio ao comportamento de Joaquim Barbosa. "É dever dos jornalistas buscar as notícias e questionar as autoridades sobre os mais variados assuntos. Integra a rotina da ocupação de cargos de destaque o entendimento sobre a relevância do serviço prestado pelos jornalistas, mesmo que em determinadas situações isso signifique solicitar reparações ou realizar questionamentos", disse a diretoria do sindicato, em nota.
