Embora oficialmente o discurso dos deputados estaduais ainda seja de que o acordo para a eleição de Valdir Rossoni (PSDB) presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (AL) continua a valer, nos bastidores a candidatura dele está evidentemente ameaçada pela pressão dos aliados por mais cargos no governo estadual. Fruto dessa insatisfação, a intenção anunciada do também tucano Nelson Garcia de disputar com Rossoni a presidência da Casa é considerada um balão de ensaio para os integrantes da base pressionarem por mais espaço no governo. Centro de toda a polêmica, Nelson Garcia continua incomunicável. Segundo a assessoria do parlamentar, ele só volta de viagem na segunda-feira.
A principal reclamação dos aliados é que eles não estão sendo ouvidos nas nomeações para o segundo e terceiro escalões. Definidos os nomes dos secretários e presidentes das principais estatais, os deputados agora querem indicar os chefes dos núcleos regionais e integrantes das diretorias das empresas públicas. Os parlamentares reclamam que Richa estaria dando preferência às indicações feitas por aliados mais próximos. As nomeações do filho de Ademar Traiano (PSDB), Vinícius Traiano, para a regional de saúde de Guarapuava, e de Paulinho Dalmaz, aliado de Rossoni, para a diretoria técnica do Porto de Paranaguá, aliás, teriam irritado ainda mais a base.
Os peemedebistas seriam os principais insatisfeitos com Richa. Deputados do partido, que terá a maior bancada da Assembleia no ano que vem, se reuniram ontem para avaliar a situação da legenda dentro do governo. As insatisfações da bancada serão expostas ao governador na próxima semana, quando Richa deverá começar a se encontrar com parlamentares para ouvir as reclamações e tentar acalmar os ânimos.
O esforço de Richa será para que peemedebistas e outros aliados mantenham o discurso de apoio à candidatura de Rossoni. Por enquanto, líderes do PMDB negam que haja qualquer intenção do partido em apoiar outro nome que não seja o de Rossoni. "Continua a valer o que estava acertado, que a bancada apoiaria a candidatura de Rossoni e indicaria um nome para a 1.ª vice [presidência] e outro para a 3.ª secretaria", afirma o presidente estadual do PMDB, Waldyr Pugliesi. O deputado Alexandre Curi (PMDB) também mantém o discurso. "Neste momento existe uma palavra dada e o candidato é o Rossoni", afirma Curi.
De acordo com Curi, as demais bancadas também estão comprometidas em honrar o compromisso de votar no candidato apoiado pelo governo."A única chapa formalizada é a do Rossoni", diz. Waldyr Pugliesi ressalta que Nelson Garcia não chegou a procurar o PMDB para tentar viabilizar sua candidatura ou montar uma chapa própria.
Sem trânsito
Mesmo que seja confirmada a candidatura avulsa de Nelson Garcia, a expectativa na Assembleia é que Rossoni seja eleito para a presidência da Casa. O mandato do parlamentar, porém, não deverá ser tranquilo e a reeleição do tucano para o próximo biênio é considerada incerta. O principal motivo para isso seria a dificuldade de Rossoni em se relacionar com os colegas da Assembleia.
Essa falta de trânsito do tucano seria um dos motivos para os parlamentares terem escolhido a ameaça à candidatura de Rossoni como principal meio para pressionar Richa. Isso também teria motivado a escolha de Durval Amaral (DEM) para a Casa Civil. O democrata, que teria melhor entrosamento com os colegas do que Rossoni com os parlamentares estaduais, disputava com o tucano o apoio do Executivo para a presidência da Assembleia. Segundo uma fonte próxima ao governador, Richa teria escolhido Durval para a Casa Civil por acreditar que Rossoni teria dificuldades em negociar com os deputados.



