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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Pela primeira vez, os primatas brasileiros estão fora da lista das 25 espécies mais ameaçadas, compilada pela ONG Conservação Internacional (CI), em parceria com a União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). De acordo com o novo relatório, divulgado nesta sexta-feira, os parentes vivos mais próximos da espécie humana na escala evolutiva estão à beira da extinção, devido à caça e à devastação das florestas onde vivem. Em entrevista ao GLOBO ONLINE, o presidente da CI, Russel Mittermeier, elogiou a atuação do Brasil, que tinha três espécies no último levantamento.

- Em relação ao que a gente tinha nos anos 70 e 80, houve muito progresso no Brasil. Se a maioria dos países que têm primatas estivessem na mesma situação, seria muito mais fácil - disse Mittermeier, que também é chefe do Grupo de Especialistas em Primatas da IUCN.

Falando de Hainan, a menor província da China, onde se preprara para uma missão na floresta, Mittermeier disse que a organização está "bastante satisfeita" com os progressos brasileiros.

- O Brasil tem um dos melhores grupos de especialistas em primata no mundo - disse ele em bom português, aprendido ao longo de mais de 35 anos de colaboração com os projetos brasileiros. - Quando cheguei pela primeira vez ao Brasil, em 1971, tinha apenas um primatólogo. Agora tem várias centenas, e diversos programas do governo e de ONGs.

Está é a quarta vez que o relatório é divulgado. No texto equivalente ao período entre 2004 a 2006, apareceram três espécies brasileiras, todas da Mata Atlântica: mico-leão-da-cara-preta, macaco-prego-do-peito-amarelo e muriqui do norte. O presidente da CI alerta, no entanto, que ainda há o que fazer.

- Os mico-leões, por exemplo, ainda estão bem ameaçados. Estão em números muito baixos, mais estão aumentando e recebendo muita atenção. O mesmo acontece com os muriquis, que eram os mais ameaçados - ressalta Mittermeier.

O novo documento, elaborado por 60 especialistas de 21 países, alerta que uma falha nas respostas às crescentes ameaças, exacerbadas pelas mudanças climáticas, porovocará as primeiras extinções de primatas em mais de um século. As áreas onde há maior preocupação ficam na África e na Ásia.

A cada quatro espécies, uma está seriamente ameaçada. Entre os gibões da China e os langures do Vietnam restam poucos espécimes, que não chegam a cem. Um tipo de colobo da Costa do Marfim pode, inclusive, ter sido extinto.

- Todos os sobreviventes destas 25 espécies cabem dentro de um estádio de futebol - afirma Mittermeier. - Até mesmo as espécies recém-descobertas estão gravemente ameaçadas pela perda de seu hábitat e poderão desaparecer logo.

Entre essas espécies há grandes primatas, como os chimpanzés e gorilas, e também macacos menores. Eles são muito caçados para fornecerem comida e remédios tradicionais ou como mascotes, e alguns são aprisionados também para fins de pesquisas médicas. Também é comum que se matem na disputa por recursos e espaços, cada vez mais limitados por causa do desmatamento.

Segundo Mittermeier, bastariam alguns poucos milhares de dólares para proteger, de forma simples, muitos dos animais mais vulneráveis. De acordo com ele, os primatas sobreviveram ao século XX sem a perda de uma só espécie conhecida - na verdade, novas espécies são achadas quase constantemente.

- Com o que gastamos em um dia no Iraque poderíamos financiar a conservação de primatas na próxima década para cada espécie ameaçada, criticamente ameaçada ou vulnerável que houver por aí.

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