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As equipes que trabalham na região onde caiu um avião 737 da Gol, na última sexta-feira, conseguiram resgatar neste domingo dois corpos das vítimas. Eles foram levados para a base da Serra do Cachimbo num avião Bandeirante. Havia 149 passageiros e seis tripulantes na aeronave, que foi encontrada no Mato Grosso.

A diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu confirmou neste domingo que, de fato, houve uma colisão entre a aeronave que fazia o vôo 1907 da Gol e o Legacy, uma aeronave americana.

Segundo ela, no entanto, ainda não é possível prever um prazo para o esclarecimento do acidente.

- Ainda que você tenha todos os dados da aeronave americana, você não tem ainda as caixas pretas da Gol. As informações precisam ser cruzadas para, a partir disso, você ter uma conclusão (...) O que dá para afirmar é que houve a colisão - disse, em entrevista à imprensa em Brasília.

Ela também praticamente descartou a possibilidade de falha no controle do espaço aéreo brasileiro:

- O Brasil conquistou uma posição internacional de absoluta segurança de vôo. É a segunda maior aviação do mundo, com pouquíssimos acidentes. Não há que se colocar em dúvida, por ora, que tenha havido alguma falha no controle do espaço aéreo. É de quase zero esta possibilidade - disse.

Segundo a diretora da Anac, uma comissão do órgão regulador do mercado de aviação dos Estados Unidos (National Transportation Safety Board, ou NTSB), chegará ao Brasil na próxima terça-feira para acompanhar as investigações da causa do acidente.

Denise Abreu disse ainda que o conteúdo das caixas pretas da aeronave americana, o Legacy, estão em perfeito estado.

- Foi feito o recolhimento de dados com absoluto sucesso. O que significa que as caixas pretas de voz e de dados conseguiram apresentar os elementos necessários para uma primeira convicção da comissão - disse, referindo-se ao grupo técnico formado por representantes da Aeronática e da Anac.

Mais cedo, o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse que o sistema anticolisão do Legacy, que está envolvido no acidente estava funcionando. Segundo ele, o aparelho foi testado antes de o jato decolar - ele saiu da fábrica em São José dos Campos na própria sexta-feira - e também em sua chegada na Base Aérea de Cachimbo, no Mato Grosso, onde a aeronave fez o pouso forçado após avarias decorrentes de um provável choque com o avião da Gol.

A Força Aérea Brasileira divulgou foto do Legacy, na qual se vê uma parte da asa esquerda quebrada.

No entanto, Zuannazzi não soube dizer se o mesmo equipamento estava funcionando no Boeing da Gol.

Parentes das vítimas, enquanto isso, estão exigindo uma audiência com Ministro da Defesa. Eles dizem não estar recebendo informações suficientes sobre o acidente e pedem que o exército também participe das buscas.

Os tripulantes do Legacy, depois de prestarem depoimento em Cuiabá, seguiram para São José dos Campos onde já estão ouvidos pelo Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (CGTA).

O Boeing, com 149 passageiros e 6 tripulantes, desapareceu próximo à Serra do Cachimbo, na divisa entre os estados do Pará e Mato Grosso. O vôo 1907 da Gol seguia de Manaus para Brasília, onde faria escala antes de continuar viagem até o Rio de Janeiro

A operação de resgate foi reiniciada às 5h30m, mas nenhum corpo ainda foi retirado local devido ao difícil acesso à região.

Respondendo a uma pergunta sobre se é possível que o acidente tenha ocorrido no momento em que os pilotos perderam contato com as torres - ou seja, numa eventual zona cinza para os radares que monitoram o tráfego aéreo - Zuannazzi afirmou que, mesmo que em algum momento os aviões tenham perdido contato com as torres de controle, os equipamentos anticolisão deveriam ter evitado o choque.

- Se os aviões têm equipamentos (anticolisão), mesmo que no espaço aéreo você tenha falta de contato com as torres de controle eles têm que funcionar. Aliás, esses equipamentos existem para isso, para áreas do espaço (aéreo) não cobertas - afirmou Zuannazzi, dando a entender que a aérea em que ocorreu a colisão pode ter alguns pontos de buraco-negro nos radares das autoridades de controle do tráfego aéreo.

No sábado, o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, afirmou categoricamente que todo o espaço aéreo brasileiro é coberto pelos radares das autoridades competentes.

Americanos no comando do Legacy

O jato Legacy 600, de bandeira americana, estava sob o comando de dois pilotos dos EUA, que foram neste domingo para São José dos Campos onde vão prestar novos esclarecimentos e ajudar as investigações da Embraer, fabricante da aeronave.

Além deles, estavam no Legacy dois executivos da empresa que comprou o avião, um jornalista americano _ que estava fazendo uma reportagem sobre a Embraer _ e dois funcionários da fabricante brasileira. O grupo prestou depoimento à Polícia Civil do Mato Grosso durante a madrugada, em Cuiabá.

Segundo Milton Zuannazzi, o grupo afirmou ter visto, instantes antes do acidente, apenas uma sombra, seguida de um barulho. Imediatamente depois, o Legacy, segundo os passageiros e tripulantes, teve que pousar. O presidente da Anac afirmou ainda que os depoimentos reforçam a tese de que houve mesmo uma colisão entre o Legacy e o Boeing.

- Eles (os tripulantes e passageiros do legacy) dizem que não viram nada. Mas isso é absolutamente normal. Pois, imagine dois aviões a 800 km/h. Eles se encontram a 1.600 km/h. Nestas condições, você só vê mesmo uma sombra e um barulho. Não vê mais nada mesmo _ afirmou Zuannazzi.

Zuannazzi disse que a abertura das caixas-pretas deve mostrar, por exemplo, a posição em que os aviões estavam, o contato com a torre e as autorizações dadas aos comandantes pela supervisão do espaço aéreo.

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