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Priscila Aprígio da Silva, de 13 anos, afirma que está preparada para o que der e vier, mas não deixou de ter esperança de voltar a andar. A menina está paraplégica. Na quarta-feira passada, ela foi baleada durante tiroteio na Avenida Ibirapuera, em assalto ao Banco Itaú, em São Paulo.

Prometi a Deus, e a mim mesma, que vou voltar a andar. Sou uma guerreira, todos dizem isso - disse Priscila, que é apaixonada por samba romântico.

Em entrevista ao 'Fantástico', a menina afirmou que não sente as pernas, mas não quer perdê-las. 'Só tenho elas'.

Priscila passou dois dias na UTI do Hospital Alvorada e, na sexta-feira, foi levada ao quarto. Acordou na manhã de sábado e pediu aos pais para confiarem em Deus e afastar a tristeza.No sábado, ela recebeu também a visita do governador José Serra e promessa de ajuda.

Priscila diz que tenta levar a vida, mas pede ajuda para se reabilitar.

- Vou precisar do apoio de todos para fazer fisioterapia e retornar à escola. Minha família não tem condições de arcar com as despesas.

Aluna da oitava série em uma escola na periferia de Embu, ela sonha ser enfermeira como o irmão Leandro Aprígio da Silva, de 27 anos, que se formou no ano passado. Para custear os estudos na Universidade Adventista, Leandro trabalhava no colégio anexo à faculdade, da meia-noite às 6h.

O pai, Isaías da Silva, de 40 anos, diz que a prioridade da família é o futuro dos filhos. "A Priscila vai estudar, nem que para isso a gente tenha de passar fome, frio e sede", promete.

A estudante conta que quando viu o tiroteio no banco jogou-se no chão.

- Quando cai, não senti nada, mas vi muito sangue. Aí liguei para minha mãe.

Segundo ela, um policial que a socorreu tentou confortá-la.

- Ele me falou que queria morrer junto comigo.

O advogado Ademar Gomes, da Associação dos Advogados Criminalistas, afirmou que vai entrar esta semana com ação na Justiça contra o Banco Itaú. Ele pede indenização de R$ 2,5 milhões por danos morais, materiais e de estética e por lucro cessante. Ademar Gomes também pedirá pensão vitalícia até que a garota não precise mais de tratamento.

- Os pais não têm recursos e o banco tem obrigação de evitar que coisas assim aconteçam - afirma.

No Hospital Iguatemi, onde está internado Raimundo José Jesus dos Santos, que também foi vítima de uma bala perdida durante o assalto, recebeu a visita de familiares neste domingo. Ele ainda não viu os filhos, um de 13 anos e outro de 9 meses, depois do acidente, que aconteceu na última quarta-feira.

O eletricista teve a perna esquerda amputada abaixo do joelho e pensa em colocar uma prótese. Segundo os familiares, Raimundo está preocupado em se recuperar rapidamente e teme contrair qualquer infecção neste momento. Os médicos ainda não sabem informar quando o eletricista poderá deixar o hospital.

- Ele ainda está muito abalado. Raimundo é um esportista. É técnico de um time de futebol do bairro. Procuramos passar segurança para ele. Fazer ele entender que nasceu novamente e está tendo mais uma oportunidade de vida - disse o cunhado, Gilberto.

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