Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Operação Juçara

Prisões levantam nova suspeita de fantasmas

Segundo a PF, os dois servidores da Assembleia trabalhavam na fabricação e transporte de palmito, o que levanta a suspeita de não prestarem serviços ao Legislativo

Fachada da casa, em Guaratuba, onde funcionava a fábrica ilegal de conserva de palmito | Heliberton Cesca/ Gazeta do Povo
Fachada da casa, em Guaratuba, onde funcionava a fábrica ilegal de conserva de palmito (Foto: Heliberton Cesca/ Gazeta do Povo)
Casal trabalhava para a indústria de palmito Palmeira, em Guaratuba. Confira |

1 de 1

Casal trabalhava para a indústria de palmito Palmeira, em Guaratuba. Confira

A detenção de duas pessoas com cargo na Assembleia Legislativa do Paraná, durante a Operação Juçara da Polícia Federal– que levou 18 acusados de crimes ambientais à cadeia –, reacende a suspeita da existência de funcionários fantasmas na Casa. De acordo com o mandato de prisão decretado pela Justiça Federal, Doria Rozana Correa Tozetto, apesar de constar na lista de funcionários da Assembleia, atuava na fá­­­brica de palmitos Palmeira, em Guaratuba. A assessoria da Assembleia confirmou que Doria e o marido, Cezar Renato Tozetto – lotados no gabinete de Nelson Justus (DEM), presidente da Casa – prestavam serviço na "base eleitoral" dele. Essa situação não é ilegal, pelas regras vigentes no Legislativo paranaense. Segundo o documento da Justiça Federal, Cezar Tozetto também fazia o transporte de palmito ilegal em Guaratuba. O despacho, assinado pela juíza federal Aba Beatriz Vieira da Luz Palumbo, de Paranaguá, revela ainda que Tozetto já havia sido preso antes da Operação Juçara.

Câmara Municipal

Tozetto – cuja detenção na Ope­­­ração Juçara foi recebida com surpresa por Justus, segundo a assessoria da Assembleia – já se envolveu em outras polêmicas enquanto foi vereador em Gua­­ratuba, entre 2001 e 2004. Em março de 2003, ele e outros oito vereadores foram afastados da Câmara Municipal, a pedido do Ministério Público Estadual (MP). Eles foram acusados de modificar um dos artigos da Lei Orgânica Municipal por interesses pessoais. De acordo com o MP, o artigo 133 da lei, revogado pelos vereadores, proibia que membros do Exe­­­cutivo e do Legislativo municipal prestassem serviços ao município ou fizessem venda de equipamentos e materiais. Na época, a prática começou a ser investigada e resultou no afastamento de três secretários municipais. MP diz que os vereadores agiram para evitar punições por terem infringido o artigo 133.

Os vereadores afastados retornaram ao cargo já no mês seguinte, em abril de 2003, por determinação do Tribunal de Justiça. Em 2004, Tozetto não tentou a reeleição para a Câmara. Ele foi candidato a vice-prefeito de Guaratuba na chapa do PMDB, encabeçada por José Ananias dos Santos, que também foi preso na Operação Juçara – ele é o proprietário da fábrica de palmito em conserva e foi prefeito da cidade entre 2001 e 2004.

Outro lado

A reportagem não conseguiu contato com o casal Tozetto na casa deles nem na de parentes. O advogado Eduardo Ferreira, que entrou com habeas corpus para quase todos os presos na ope­ração da PF, disse que não conhece o casal. "Entrei com o pedido para meu cliente, o Jean (Dias, procurador-geral de Guaratuba) e apenas pedi a extensão aos demais."

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.