O processo de cassação do deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho (PSB) não tem vício de origem, segundo o presidente da Assembleia Legislativa Nelson Justus (DEM) afirmou nesta terça-feira (19). Alguns meios de comunicação veicularam que a averiguação da possível quebra de decoro só teria validade se partisse da Mesa Diretora ou de um partido político. O pedido foi feito pelo advogado da família de uma das duas vítimas fatais do acidente no qual o deputado esteve envolvido no dia 7 deste mês.
Por meio de nota publicada no site da Assembleia, Justus disse que o processo foi instaurado normalmente com um documento protocolado pelo advogado Elias Mattar Assad, que representa a família de Gilmar Yared. O trâmite se inicia na corregedoria da Casa e deve ganhar o apoio da Mesa Executiva para prosseguir.
"O processo está sendo feito com muita prudência para não incorrermos em nenhum vício de origem. As partes envolvidas não têm nenhuma participação, exclusivamente a Assembleia, ou seja, o advogado não poderá se manifestar, pois é um processo interno", relata Justus, por meio da nota.
A corregedoria tem à frente o deputado Luiz Accorsi (PSDB), que já teria iniciado a análise. Ele tem 30 dias para entregar o relatório à Mesa Executiva da Casa. O deputado Carli Filho tem 10 dias para se defender.
Depois, o parecer da corregedoria é encaminhado à Mesa, que por sua vez decide a favor ou contra. Em caso favorável, o processo vai ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, presidido pelo deputado Pedro Ivo (PT), que terá mais 30 dias para apresentar o relatório, sendo submetido à votação plenária. A perda do mandato é finalmente decidida por maioria absoluta de votos do plenário.
Acidente
A colisão aconteceu na esquina das ruas Monsenhor Ivo Zanlorenzi e Paulo Gorski na madrugada do dia 7. O deputado dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Após a colisão, os carros foram parar na Rua Barbara Cvintal, uma via local paralela à Monsenhor Ivo Zanlorenzi. Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros. Os dois ocupantes do Honda, Gilmar Rafael Souza Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20 anos, morreram no local.
Reportagem da Gazeta do Povo revelou que Carli Filho estava com a carteira de motorista cassada no momento da ocorrência, em razão do excesso de multas a maioria por excesso de velocidade. A família Yared pediu a cassação do mandato do deputado.
Os pais do parlamentar defenderam que ele seja punido se for provada a sua responsabilidade no acidente. "Nós não vamos pôr a mão na cabeça. Se ficar provado que ele é culpado, ele vai ter que pagar pelo que fez", afirmou a mãe de Carli Filho, Ana Rita Carli, em entrevista ao Fantástico, transmitida no domingo (17).



