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Propina da Odebrecht teria circulado no exterior

Doleiro diz que empresa usou suas contas para depositar dinheiro ilícito

Segundo delator, empreiteira fez uso de suas contas no exterior para depositar dinheiro de propina. | PIilar Olivares/Reuters
Segundo delator, empreiteira fez uso de suas contas no exterior para depositar dinheiro de propina. (Foto: PIilar Olivares/Reuters)

Depoimentos dados nesta quarta-feira (2) ao juiz Sergio Moro, da 13.ª Vara Federal do Paraná, indicam que dinheiro desviado da Petrobras circulou por contas da Odebrecht no exterior. O doleiro Leonardo Meirelles, que enviou ao exterior mais de R$ 170 milhões de origem ilícita, afirmou que a empreiteira fez uso de suas contas no exterior para depositar dinheiro de propina. Também o empresário Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, que assinou acordo de delação premiada, confirmou a participação da Odebrecht no cartel da Petrobras e na distribuição de propinas.

Pessoa conhece detalhes das operações, já que sua empresa atuou em consórcio com a Odebrecht em vários contratos fechados com a estatal, como o Conpar (Odebrecht, OAS e UTC), que fez obras na Refinaria Presidente Vargas, no Paraná, e o TUC, responsável pela central de utilidades do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Foi o primeiro depoimento de Pessoa depois do acordo fechado com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Assim como Pessoa, Marcos Pereira Berti, ex-diretor comercial da Setal, uma das empresas que assinaram acordo de leniência, apontou ontem o executivo Márcio Faria como representante da Odebrecht no cartel.

Em pedido de condenação a dirigentes de empreiteiras que participaram do esquema de corrupção na Petrobras, o Ministério Público Federal acusou Pessoa e Faria como líderes da organização criminosa que, entre 2004 e 2014, desviou mais de R$ 6 bilhões da Petrobras. Pessoa ficou preso entre novembro de 2014 e abril deste ano, quando assinou o acordo de delação premiada. Ele voltou ao trabalho.

Márcio Faria tem permanecido em silêncio em seus depoimentos. Além de Berti e do empresário, também outros dois depoentes — Luiz Antonio Scavazza e Sergio de Araújo Costa — acusaram Faria.

Também ficou mais complicada a situação de Alexandrino Alencar, outro ex-executivo do Grupo Odebrecht. Depois de ter sido apontado como responsável por depósitos feitos no exterior por Rafael Ângulo, funcionário do doleiro Alberto Youssef, Alencar voltou a ser citado ontem. O operador Carlos Rocha confirmou frequentes contatos de Alexandrino com Youssef, reforçando a posição do executivo como intermediador de propinas.

Delação

Rocha era acusado de operar uma “instituição financeira informal” e foi flagrado em escutas da Lava Jato afirmando que não fazia operações de baixo valor, inferiores a R$ 50 milhões. Foi beneficiado por um acordo com o Ministério Público Federal e teve suspenso o processo movido contra ele.

Leonardo Meirelles também tem colaborado informalmente com procuradores da força-tarefa da Lava-Jato. Dono das off-shores DGX e RFY, com contas em Hong Kong, ele atuou em parceria com Youssef e já foi condenado a cinco anos de prisão na Lava-Jato. Agora, segundo seu advogado, Haroldo Nater, Meirelles também negocia acordo de delação premiada. Segundo Nater, Meirelles fez mais de quatro mil operações financeiras irregulares no exterior, relacionadas a “mais de um político”. Em abril, Meirelles viajou para a China para reunir provas.

Em nota, a Odebrecht disse que as manifestações das defesas do executivo e dos ex-executivos da companhia “se darão nos autos do processo”. A defesa de Márcio Faria afirmou que o depoimento de Ricardo Pessoa “derruba a tese simplista de um clube de empresas que funcionava como cartel nas licitações da Petrobras” e acrescenta que “o delator também deixou claro que pode falar apenas pelos próprios atos e não responde sobre terceiros”.

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