
Um dos principais cartões-postais do Rio de Janeiro, a praia de Copacabana amanheceu ontem com 594 vassouras pintadas de verde e amarelo fixadas na areia. A quantidade representa o número de congressistas do país: 513 deputados e 81 senadores. A manifestação foi realizada pela organização não governamental Rio de Paz e teve como objetivo apelar ao Congresso para ajudar a "varrer a corrupção do Brasil", conforme explicou um cartaz exposto no local.
Para o presidente da ONG, Antonio Carlos Costa, o trabalho de combate à corrupção tem de começar no Congresso. "A sociedade precisa exercer um controle maior sobre a atuação dos parlamentares. Tem que haver mais transparência. Também é necessário um acompanhamento de como são feitas as nomeações para importantes cargos públicos. Não é raro encontrarmos ministros que não estão à altura de suas funções."
A manifestação de ontem serviu de prévia para o ato Todos Juntos Contra a Corrupção Compartilhe Honestidade, que deve ocorrer hoje, a partir das 17 horas, na Cinelândia, no centro do Rio. Na rede social Facebook, mais de 30 mil pessoas já haviam confirmado presença no protesto. O ato conta com o apoio de entidades importantes como Ordem dos Advogados do Brasil e Associação Brasileira de Imprensa.
Jânio
O símbolo a vassoura não é novo na política brasileira. Na campanha presidencial de 1960, o então candidato Jânio Quadros e a classe média urbana que o apoiava muniram-se de vassouras para "limpar a vida pública" dos males dos governos populistas que conduziam o Brasil desde o fim da ditadura do Estado Novo, em 1945. O utensílio doméstico foi transformado em estandarte de palanque em um país ressabiado com a crise econômica que se avizinhava e traumatizado por tentativas de golpe, como a que levou o presidente Getúlio Vargas ao suicídio em 1954 e a articulação contra a posse de Juscelino Kubitschek em 1955.



