
O PSDB vai agir em três frentes para tentar convocar o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) a explicar, no Congresso, seus encontros com advogados de empreiteiras sob investigação na Operação Lava Jato.
Os tucanos vão pedir a convocação do ministro na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, na CPI da Petrobras criada na Câmara, além da futura CPI mista da Petrobras (com deputados e senadores) - que ainda não foi criada.
A ideia é que Cardozo seja obrigado a comparecer às comissões para falar sobre o encontro, como previso nas convocações de ministros. Se os congressistas aliados do governo conseguirem transformar as convocações em convites, Cardozo fica dispensado de prestar depoimento no Legislativo.
A Câmara já criou CPI para investigar a Petrobras, mas a oposição ainda precisa reunir assinaturas no Senado para tirar a comissão mista de inquérito do papel.Até agora, o PSDB conseguiu 23 das 27 assinaturas necessárias para a CPI sair do papel. Os tucanos esperam a adesão do PSB, que tem seis senadores, mas flerta com o Planalto seu retorno à base de apoio da presidente Dilma Rousseff.
Líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB) subiu à tribuna do Senado nesta quarta (18) para cobrar explicações do ministro. O tucano disse que não questiona o seu encontro com advogados da Lava Jato, mas sim o fato de Cardozo ter omitido o encontro de sua agenda oficial de trabalho.
"Por que esconder o encontro, o que ali foi tratado, o que ali foi discutido? Não se pode requerer o manto protetor do sigilo. Na República, não pode haver segredos", afirmou.
Cunha Lima considerou "absurda" a versão divulgada pelo Ministério da Justiça de que o encontro não apareceu na agenda de Cardozo por uma falha no sistema eletrônico da pasta. "O que chama a atenção é a negativa da audiência. Se nada havia a esconder, por que o ministro negou a realização do encontro? Por que, na segunda versão, disse que foi um encontro fortuito e casual. E só na terceira versão reconheceu o encontro?", questionou o senador.
Em defesa de Cardozo, a senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM) disse ser legítimo que autoridades do governo recebam advogados. A senadora disse que a falha no sistema do ministério justifica a não divulgação do encontro e que não é da "prática" de Cardozo omitir seus compromissos.
"Não dá para procurar fazer tempestade em copo d´água. A imprensa detém muito mais conhecimento acerca dessa Operação Lava Jato, fatos que nem nós temos conhecimento. Nem por isso, estamos diminuindo o papel do Ministério Público ou do Poder Judiciário", afirmou.
Senadores do grupo dos "independentes" também defenderam a convocação de Cardozo e suas explicações no Congresso. "Ministro vir ao Congresso se explicar deveria ser uma coisa normal da democracia. Ele tem que vir prestar esclarecimentos ao Congresso Nacional e à população brasileira", disse o senador Reguffe (PDT-DF).



