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Recibo de aluguel do Comitê Lealdade é assinado em nome de Beto Richa |
Recibo de aluguel do Comitê Lealdade é assinado em nome de Beto Richa| Foto:

Nota da redação: Imparcialidade como premissa

A Gazeta do Povo tem como premissa básica a imparcialidade e a divulgação de fatos que tenham notório interesse público. O acompanhamento do caso do "Comitê Lealdade", surgido após a revelação de um vídeo que mostra o pagamento em dinheiro vivo a candidatos desistentes do PRTB que apoiaram o candidato do PSDB à prefeitura, Beto Richa, na última eleição, se dá com base nessa premissa.

Ao contrário do que alega o presidente estadual do PSDB, quem não consegue decidir se os recursos do comitê de dissidentes do PRTB eram de caixa 2 ou devidamente contabilizados é o próprio partido. Em entrevista realizada na última segunda-feira, o presidente do comitê financeiro da campanha de Beto Richa, Fernando Ghignone, e o coordenador jurídico do PSDB durante a eleição do ano passado, Ivan Bonilha, afirmaram que a campanha de Richa "não tem qualquer responsabilidade sobre a gestão financeira do Comitê Lealdade", porque este era "independente".

Porém o contrato do aluguel da casa onde funcionava o comitê mostra que o pagamento foi feito pela campanha da coligação encabeçada pelo PSDB e o recibo eleitoral referente à locação traz o nome de Carlos Alberto Richa como responsável (veja abaixo) – embora, como ficou claro em reportagem publicada no dia 23, a assinatura do documento não seja reconhecida como a do prefeito.

O que ninguém consegue explicar – nem a coordenação da campanha nem a direção do partido – é de onde saiu o dinheiro em espécie que foi entregue aos dissidentes do PRTB. De acordo com o artigo 18 da Resolução nº 22.715/2008 do TSE, que regulou a arrecadação da campanha eleitoral de 2008, "as doações realizadas entre candidatos e comitês financeiros deverão fazer-se mediante recibo eleitoral". Os demais documentos publicados pela Gazeta do Povo para sustentar matérias sobre o caso foram protocolados junto à Procuradoria Regional Eleitoral, que investiga o caso.

Em carta oficial enviada ontem à Gazeta do Povo, o presidente do PSDB no Paraná, deputado estadual Valdir Rossoni, criticou a cobertura que o jornal vem dando às suspeitas de que a campanha de reeleição do prefeito Beto Richa usou caixa 2 e de que teria comprado apoio político de dissidentes do PRTB. O documento, uma nota oficial do PSDB, foi entregue à Gazeta por um motoboy da prefeitura de Curitiba, na manhã de ontem.

Para Rossoni, a Gazeta "elaborou uma tese" sem fundamento, a de que "o PSDB comprou o apoio de uma ala de um partido, o PRTB, usando caixa 2". Segundo ele, o jornal estaria contrariando "fatos, cronologias e documentos".

No texto, Rossoni diz estar indignado com a forma com que a Gazeta vem cobrindo o episódio. O deputado chama a cobertura de "parcial e maliciosa" e cita uma reportagem que confirmaria sua afirmação. De acordo com Rossoni, na matéria publicada na última terça-feira a respeito da casa onde funcionou o Comitê Lealdade, formado por dissidentes pró-Beto Richa do PRTB durante a eleição de 2008, o jornal errou ao dizer que "no recibo eleitoral referente ao contrato de aluguel, Richa aparece como o responsável pela locação do imóvel". Na carta, o deputado alega que o recibo menciona, na verdade, a razão social da coligação de candidatura de Beto Richa (Eleição 2008 Carlos Alberto Richa Prefeito), conforme determina a Justiça Eleitoral.

Rossoni declara ainda que, "na ânsia de atingir o prefeito, de qualquer forma, a Gazeta não consegue se decidir se os recursos do comitê de dissidentes do PRTB eram de caixa 2 ou devidamente contabilizados" e diz que "se a locação do imóvel foi feita com recibo eleitoral, desmorona a tese de que esse comitê foi criado e mantido por caixa 2".

O presidente do PSDB no Paraná, entretanto, admite no texto que o partido repassou recursos ao Comitê Lealdade – e a outros comitês –, que teriam sido devidamente aprovados pela Justiça Eleitoral. Ao mesmo tempo, Rossoni isenta o partido de "eventuais irregularidades de pessoas que trabalharam ou prestaram serviços neste comitê (Lealdade) ou, eventualmente, em outros comitês espalhados pela cidade".

Ele ainda critica a manchete da última quinta-feira, que mostra que "Documentos sugerem que irmão de Beto sabia de verbas a comitê". Para Rossoni, a prestação de contas internas do Comitê Lealdade, os referidos documentos, não apresenta nenhuma assinatura e, portanto, daria "sustentação a uma manchete capenga". Por fim, o deputado defende que há "falta de equilíbrio na cobertura jornalística, parcialidade e até indícios de má-fé" do jornal.

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