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Atualizado em 26/11/06, às 17h35

O segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva será caracterizado como um governo de coalizão programática, conforme resolução do diretório nacional do PT aprovada sábado à noite, depois de um dia de intensos debates. Mais cedo, o presidente Lula já havia dito que a prioridade do seu segundo mandato seria governar com aliados e que o PT precisaria voltar a ser exemplo para o país, numa referência à questão ética. Na reunião o partido também decidiu antecipar o Congresso para o ano que vem.

O Diretório Nacional do PT reuniu-se durante dois dias, em São Paulo, discutiu a participação do partido no segundo governo de Lula e as políticas econômicas que o país deve adotar no ano que vem para crescer mais.

No último dia da reunião, o partido aprovou que o 3º Congresso Nacional do PT, que deveria ser realizado em 2008, será antecipado para o próximo mês de julho (será realizado nos dias 6, 7 e 8 de julho), para debater uma revisão do programa do PT, uma espécie de refundação do partido.

O terceiro congresso do PT vai rediscutir o programa do partido e a relação do partido com a sociedade, decidiu neste domingo o diretório. A antecipação da data do Congresso foi tomada um dia depois de o diretório aprovar a proposta de governo de coalizão no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O PT discutirá no seu congresso o futuro do país, o socialismo petista e a concepção de idéias sobre o funcionamento do partido, que hoje é organizado em tendências.

- O terceiro congresso tratará da construção do PT como instrumento político da classe trabalhadora e da atualização do projeto democrático popular e socialista para o Brasil - disse o partido em texto distribuído a jornalistas neste domingo.

O primeiro congresso da sigla aconteceu em 1991 em São Bernardo do Campo, o segundo ocorreu em Belo Horizonte em 1999.

No encontro de julho, existe a possibilidade de se definir a antecipação das eleições da direção do partido. Em outubro, o presidente Ricardo Berzoini teve de se licenciar do cargo em meio ao escândalo de tentativa de compra de um dossiê antitucano por petistas.

Coalizão

Segundo o presidente do partido, Marco Aurélio Garcia, a resolução de aprovar a coalizão recebeu apenas dois votos contrários. De acordo com o documento, a coalizão deve expressar o "programa de transformações econômicas, sociais e políticas defendido durante a campanha eleitoral e com continuidade no avanço do combate à corrupção".

"Na esteira da mobilização que reconduziu Lula à Presidência, sobretudo no segundo turno, o mandato que se iniciará em 2007 será caracterizado como um governo de coalizão programática, expresso na reunião das forças que construíram o caminho da vitória e todos aqueles que estejam de acordo com o programa de transformações econômicas, sociais e políticas defendido durante a campanha eleitoral, e com continuidade no avanço do combate à corrupção", assegura o documento.

Repetindo o que Marco Aurélio Garcia havia declarado na abertura da reunião do diretório nacional durante a manhã, a resolução afirma que o governo de coalizão "não é um condomínio baseado na distribuição fisiológica de cargos", mas "um compromisso com um programa, a possibilidade de encontrar um terreno comum para uma ação transformadora que o Brasil espera há muito e que tem adeptos em toda a sociedade e em vários partidos".

Por isso, exortou os integrantes do partido, vitorioso nas urnas, a não permitir que se fale em "despetizar" o governo "como se se tratasse de desratizar algo".

- Confiscar a vitória de outubro é decretar a necessidade de ’despetizar’ o governo. Fala-se dessa despetização quase como se se tratasse de desratizar algo. Para chegar à proposta da despetização, seus formuladores partem da tese falsa do ’aparelhamento’ do governo pelo PT. Não houve aparelhamento, nem haverá ’despetização’ - disse o presidente nacional do partido.PT quer "compartilhar responsabilidades"

De acordo com Garcia, o partido não fará a "disputa pequena por cargos" no segundo mandato de Lula:

- O partido não se lançou, nem se lançará em uma disputa pequena por cargos. Queremos conteúdos e definições políticas claras e estamos seguros que esta é a preocupação maior de nosso companheiro presidente. O PT tem quadros para conduzir qualquer esfera do governo, mas quer compartilhar responsabilidades.

Defendendo o governo de coalizão costurado por Lula, o presidente petista disse que um de seus papéis será enfrentar a reforma política e o desafio de levar o país a um ciclo de desenvolvimento econômico, com emprego, distribuição de renda, controle da inflação e a redução da vulnerabilidade externa.

- O governo de coalizão não é um condomínio baseado na distribuição fisiológica de cargos. É um compromisso com um programa.Menção indireta a envolvidos em escândalos

Indiretamente, Garcia mencionou petistas envolvidos nos escândalos e que não participam mais da vida partidária.

- Quantos construtores de nosso partido e de nossas vitórias não estão aqui conosco hoje. Não vamos tirá-los de nossa história, como no passado os socialistas autoritários fizeram com militantes e dirigentes, eliminados até mesmo da iconografia histórica, por meio de grosseiras falsificações fotográficas. Temos, no entanto, de analisar nossa história, não para mesquinhos e sectários ajustes internos, mas para entender o que conosco se passou e corrigir nossos erros.

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