
Uma das principais decisões do encontro de 32 anos do PT em Brasília foi priorizar as candidaturas do partido em municípios com mais de 150 mil eleitores. A legenda quer, com as eleições de outubro, aprofundar sua participação nas médias e grandes cidades brasileiras e também capitais, mesmo que para alcançar o objetivo o partido tenha de fazer acordos políticos com adversários.
"A orientação é fazermos a cabeça de chapa nessas cidades", afirmou o secretário de Relações Institucionais do partido, Geraldo Magela. Em princípio, o PT buscará o maior leque de alianças para cumprir esse objetivo.
Dentre as capitais, o PT está de olho, além de manter as atuais, em conquistar Porto Alegre, Salvador e São Paulo. O partido também trabalha para aumentar sua presença no interior em estados em que, estrategicamente, compense renunciar a uma candidatura na capital.
Um caso ilustrativo é Belo Horizonte. Lá o partido deve apoiar a reeleição do socialista Márcio Lacerda. Mas espera contar com apoio para, por exemplo, fazer do deputado federal Gilmar Machado, atual vice-líder do governo no Congresso, prefeito de Uberlândia, cidade do triângulo mineiro e segundo maior colégio eleitorado do estado, com mais de 420 mil eleitores.
PSD
"Vamos ter que compor as alianças em cima do programa dos partidos", avisou Eduardo Pereira, prefeito de Várzea Grande (SP) e um dos coordenadores das prefeituras petistas em São Paulo. Pereira disse que não recusa sequer a aliança com o PSD, de Gilberto Kassab. Desde que, frisou, o novo partido se sujeite ao projeto do PT. Os petistas querem aumentar a pequena participação no estado: administra apenas 60 das 645 prefeituras paulistas.
Na Bahia, o PT pretende crescer com a ajuda do PSD em cima do "carlismo", do DEM, e do PMDB, do cacique Geddel Vieira Lima. Em 2008, a legenda elegeu 69 prefeitos, mas agora já conta com 81. A meta para outubro é eleger pelo menos 100 prefeitos. Uma articulação operada pelo vice-governador baiano, Otto Alencar, cacique do PSD no estado, reduziu ainda mais DEM e PMDB.
O PT espera aumentar em 20% a participação dos 300 prefeitos aliados ao governador baiano Jaques Wagner. A Bahia tem 417 municípios.
Entre os dias 14 e 16 de março, o PT marcou novo encontro com prefeitos em São Paulo. A ideia é apresentar no evento um conjunto de ações que os prefeitos petistas têm desenvolvido nos seus municípios.
Alianças dividem alas petistas
Das agências
Ao discursar ontem em encontro nacional do PT, o presidente do partido, Rui Falcão, criticou indiretamente a possível aliança do partido com o PSD do prefeito Gilberto Kassab, em São Paulo.
"É importante que não sucumbamos à tentação de fazer alianças fáceis que quebrem a nitidez do nosso compromisso. Temos que manter o fio condutor da diretriz do nosso projeto", disse. Durante a tarde, vários petistas se manifestaram contra eventual apoio de Kassab à candidatura de Fernando Haddad na capital paulista.
Em meio à polêmica em torno da aproximação do PT ao PSD em São Paulo, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, defendeu o arco de aliança petista construído ao longo do governo Lula e que teve continuidade com a presidente Dilma Rousseff.
Ao discursar no encontro, Ideli afirmou que foram as composições que permitiram ao governo petista fazer transformações. "Temos que ter muito orgulho do que nós estamos tendo capacidade de fazer no Brasil, em cada um dos governos, dos estados. E não é só o PT. Temos a capacidade de construir aliança política que nos permitiu construir mudanças e transformações."
Kassab foi vaiado durante o encontro petista.
Oposição
O PT está comemorando 32 anos "envolto em contradições", critica o presidente do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE). Em nota distribuída pelos tucanos ontem, Guerra afirma também que o "PT faz aniversário comemorando privatização".
O deputado tucano argumenta que na época do governo Fernando Henrique Cardoso o PT criticou a política de desestatização. "E nos dias atuais comandou a privatização de três aeroportos", cita a nota. Rui Falcão disse que o PT nunca foi contrário às concessões. A posição do presidente tenta demarcar diferença entre as privatizações feitas pelo PSDB no governo FHC, sempre atacadas pelos petistas, e a concessão dos aeroportos feita nesta semana pela presidente Dilma Rousseff Cumbica, Viracopos e Brasília foram vendidos por R$ 24 bilhões.
"Nunca o PT foi contra concessões no serviço público. [...] Nos nossos governos, há concessão de transporte público, lixo rodovias. Queremos fazer esse debate na ofensiva, como defendemos a superioridade dos nossos governos", disse.




