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Ditadura

PT defende revisão da Lei de Anistia em programa de governo de Dilma

Lei da Anistia, promulgada em 1979, perdoou crimes políticos cometidos pelo regime militar

No documento divulgado nesta segunda-feira (26) pelo PT em que traça as diretrizes do partido para o programa de governo da presidente Dilma Rousseff em uma eventual reeleição, o partido defende a revisão da Lei da Anistia para punir agentes de Estado que praticaram crimes durante o período da ditadura militar. A sigla defende ainda a regulação dos meios de comunicação no país, conforme noticiou o jornal "Valor" na edição desta terça-feira (27).

No texto, o partido afirma que "a revisão da Lei da Anistia", com a punição dos crimes praticados por agentes do Estado durante a ditadura militar, e a ação da Comissão da Verdade, através do resgate da história daqueles e daquelas que foram torturados, desaparecidos, exilados, mortos, perderam seus familiares e amigos, ajudam a impedir a continuidade destas práticas nas forças armadas e de segurança, na justiça e no sistema prisional, na criminalização dos movimentos sociais e na discriminação contra as camadas populares".

A Lei da Anistia, promulgada em 1979, perdoou crimes políticos cometidos pelo regime militar (1964-1985). Em 2010, a lei chegou a ser questionada no STF (Supremo Tribunal Federal), mas a corte manteve a validade do benefício para acusados pela repressão.No entanto, ela é questionada por partidos políticos como o PSOL, por entidades da sociedade civil e até pelo Judiciário. Nesta segunda-feira, a Justiça Federal abriu ação penal contra os cinco militares acusados pelo Ministério Público Federal de participar da morte e da ocultação do cadáver do deputado Rubens Paiva, em 1971.

Na decisão, o juiz Caio Márcio Guterres Taranto, da 4ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, diz que os crimes atribuídos aos militares são imprescritíveis e, por isso, a Lei da Anistia não se aplica ao caso.

Ao decidir pela abertura da ação, o juiz de primeira instância afirmou que a Anistia "não trata de condutas previstas no Código Penal" e "deve ser interpretada restritivamente, (..) sobretudo quando colide com a proteção de direitos fundamentais". "Dessa forma, em relação aos fatos narrados na denúncia, não há o que se falar em extinção de punibilidade pela anistia", afirmou.

Para o magistrado, a tortura e o assassinato de presos políticos na ditadura "fazia parte de uma política conhecida, desejada e coordenada pela mais alta cúpula governamental, mas que a manteve em um plano de ilegalidade".

O golpe militar de 1964 completou 50 anos em 2014. Em março, pesquisa Datafolha mostrou que a maior parte da população, 46%, é a favor da anulação da norma tal como ela é aplicada hoje. Os que são contra somam 37%. Outros 17% não sabem dizer.

Embora seja defendida pela Comissão da Verdade, instituída por Dilma há quase dois anos, o governo se mantém reticente quanto à sua revisão. Em 2012, Dilma defendeu a conciliação pelo fim da ditadura ao dizer que os valores atuais foram construídos "passo a passo, durante cada um dos governos eleitos depois da ditadura".

Meios de comunicação

No documento aprovado ontem pela executiva nacional do PT em reunião realizada em Brasília, o partido defende também a regulação dos meios de comunicação como forma de democratização da mídia no país.

"A democratização da sociedade brasileira exige que todas e todos possam exercer plenamente a mais ampla e irrestrita liberdade de expressão, o que passa pela regulação dos meios de comunicação -impedindo práticas monopolistas- sem que isso implique qualquer forma de censura, limitação ou controle de conteúdos", afirma o documento.

O conjunto de propostas foi apresento pelo PT como "um novo ciclo de mudanças". O documento busca apresentar propostas para as principais demandas apresentadas pelas manifestações de rua do ano passado e que foram encampadas pela presidente Dilma Rousseff na apresentação dos "cinco pactos em favor do Brasil", apresentadas logo após os protestos de junho e julho de 2013.

Uma das reformas propostas pelo documento é a reforma política como meio de permitir maior "participação da sociedade na formulação e controle das políticas públicas". O texto propõe ainda a realização de uma Constituinte Exclusiva que poderá eliminar o financiamento empresarial privado nos processos eleitorais.

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