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‘PT entrou no vício do poder’, diz teólogo Leonardo Boff

Em encontro do Instituto Lula, teólogo pede volta do partido às origens

Leonardo Boff em evento no instituto comandado pelo ex-presidente Lula: recado para o PT. | Cláudio Santos/Instituto Lula
Leonardo Boff em evento no instituto comandado pelo ex-presidente Lula: recado para o PT. (Foto: Cláudio Santos/Instituto Lula)

Em reunião com representantes da Igreja Católica e de movimentos sociais a convite do Instituto Lula, o teólogo Leonardo Boff criticou a presidente Dilma Rousseff, a oposição e a imprensa, e disse que o “PT entrou no vício do poder”. O teólogo só defendeu o próprio Lula, que não compareceu ao encontro.

“O poder, para se manter, precisa sempre de mais poder. Ou ele vai acumulando cada vez mais e se torna ditatorial, ou se alia a outros para ser sempre poderoso. Acho que o PT entrou nesse vício de poder. E onde há poder não há amor, desaparece a misericórdia”, afirmou o teólogo.

Para cerca de cem pessoas, Boff — que não participou do encontro em que Lula, semanas atrás, disse a religiosos que o PT “está abaixo do volume morto” — afirmou que esse “vício do poder” não deveria continuar sendo o caminho do PT. Ele afirmou ainda que há em curso uma articulação dos três grandes jornais para derrubar a presidente.

“Acho que o caminho nosso implica uma espécie de ruptura democrática, que passa pela convocação de uma Assembleia Constituinte, de uma redefinição do projeto econômico. Eu acho que o [ministro da Fazenda, Joaquim] Levy representa o grande capital mundial.”

Boff fez críticas específicas ao jornal O Globo e a colunistas do jornal, ao lembrar que o jornal teve acesso a informações sobre reunião recente em que Lula fazia críticas a Dilma. (”Eu trouxe a minha bengala aí, e se alguém gravar leva uns bengalaços meus”).

Sobre o encontro que teve no fim do ano passado com a presidente Dilma, quando, ao lado de Frei Betto, entregou uma carta com 16 demandas, Boff comentou sorrindo: “Ela é gentil e etc., mas não faz nada do que a gente pediu”.

Ainda sobre economia, o teólogo disse que o governo escolheu o caminho da inclusão social pelo consumo, o que, na opinião dele, resultou em uma transição incompleta.

Ele frisou que o PT precisa assumir que existe uma crise econômica no país, e criticou a maneira de o PSDB fazer oposição: “As oposições estão se alinhando a uma nova estratégia, que vem do Império, que é o estado de exceção. Isto é, já não vale democracia, leis do Judiciário, vale tudo”.

Como solução para enfrentar a crise, Boff propôs que o PT retorne às origens e pediu que os movimentos populares ocupem os espaços para discutir um novo modelo de país. Para ele, os movimentos populares e o PT devem se inspirar nas falas do Papa Francisco: “Temos que ocupar as praças. A direita está ocupando as ruas para bater panelas vazias. Eles nem sabem onde está a cozinha”.

A Operação Lava Jato também foi alvo de críticas do teólogo. Boff afirmou que os delatores se “parecem com heróis, mas são bandidos”. Disse também que o juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações, “mais parece mouro”.

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