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Escândalo

PT faz pressão para André Vargas renunciar

Lula diz que sigla não pode “pagar o pato”. Partido teme sofrer desgaste eleitoral ao ser associado ao doleiro Youssef

Dilma e Vargas: relação do deputado com o doleiro poderia contaminar reeleição da presidente | Agência Câmara
Dilma e Vargas: relação do deputado com o doleiro poderia contaminar reeleição da presidente (Foto: Agência Câmara)

Incomodados com possíveis prejuízos eleitorais para o PT, integrantes da cúpula do partido intensificaram ontem a pressão para que o vice-presidente licenciado da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), renuncie ao mandato. O ex-presidente Lula, principal nome da sigla, afirmou ontem em entrevista a blogueiros que Vargas precisa esclarecer o envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal (PF), para o PT não "pagar o pato".

A declaração de Lula serviu como autorização para a bancada do PT na Câmara começar a tratar do assunto de forma mais contundente; até então a pressão pela renúncia de Vargas era tratada apenas como um rumor. Deputados petistas avaliaram que a reação de Lula foi como um "disparo no peito" de Vargas e um sinal de que o parlamentar paranaense não conta com o apoio do principal nome da legenda.

50% de chance

Líder do PT na Câmara, o deputado Vicentinho (SP) conversou na ontem com Vargas e afirmou que ele já está refletindo sobre um possível pedido de renúncia. "Conversei com o André Vargas hoje e ele está absolutamente convencido da sua inocência. (...) [Mas] ele está refletindo [sobre a possibilidade de renúncia]. Essa decisão cabe estritamente a ele. Por enquanto ele está de licença e de hoje para amanhã a gente pode ter o desfecho", afirmou Vicentinho nesta terça-feira. Segundo o líder do PT, a probabilidade de Vargas renunciar é de "50%".

Caso renuncie, ele poderia tentar manter os direitos políticos. Isso porque o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados deve abrir, na tarde de hoje, processo por quebra de decoro parlamentar contra o petista para apurar as relações suspeitas entre Vargas e o doleiro Alberto Youssef. O processo pode resultar na cassação do mandato do petista.

O presidente do conselho, deputado Ricardo Izar (PSD-SP), disse que, mesmo que Vargas renuncie ao mandato antes da instauração do processo, ele já estaria inelegível por oito anos de acordo com as regras da Lei da Ficha Limpa. "Analisei melhor a legislação e ficou claro que ele já está inelegível porque a representação já chegou ao Conselho de Ética", disse, fazendo referência ao pedido de investigação contra Vargas formulado anteontem por partidos da oposição. No entanto, alguns congressistas afirmam que a inelegibilidade valeria apenas após o início do processo – o que significa que, se Vargas renunciar antes, poderia tentar concorrer novamente nas eleições deste ano.

O caso

A situação de Vargas ficou complicada quando foi revelado que o petista viajou em um jatinho fretado pelo doleiro. No fim de semana, descobriu-se que, em uma troca de mensagens, os dois teriam combinado negócios de um laboratório com o Ministério da Saúde. Vargas teria prometido ajudar Youssef. O doleiro disse que o negócio ia representar a independência financeira dos dois.

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